sábado, 29 de junho de 2013

ALZHEIMER/TRATAMENTOS - Pesquisa no Canada diz reverter a doença com estimulação cerebral profunda

Doença de Alzheimer revertida pela primeira vez

Investigadores canadianos usaram técnica de estimulação cerebral profunda


A doença de Alzheimer foi revertida pela primeira vez. Uma equipa de investigadores canadenses, da Universidade de Toronto, liderada por Andres Lozano, usou uma técnica de estimulação cerebral profunda, diretamente no cérebro de seis pacientes, conseguindo travar a doença há agora já mais de um ano. O estudo foi publicado na«Annals of Neurology».Foram aplicados pequenos impulsos eléctricos perto do fórnix
(imagem - reprodução de um cérebro humano, com um corte sagital, mostrando as estruturas e denominações anatômicos, para indicar o local do Fórnix onde a estimulação foi feita - *com a cor verde) 

Em dois destes pacientes, a deterioração da área do cérebro associada à memória não só parou de encolher como voltou a crescer. Nos outros quatro, o processo de deterioração parou por completo.

Nos portadores de Alzheimer, a região do hipocampo é uma das primeiras a encolher. O centro de memória funciona nessa área cerebral, convertendo as memórias de curto prazo em memórias de longo prazo. Sendo assim, a degradação do hipocampo revela alguns dos primeiros sintomas da doença, como a perda de memória e a desorientação.

Imagens cerebrais revelam que o lobo temporal, onde está o hipocampo e o cingulado posterior, usam menos glicose do que o normal, sugerindo que estão desligadas e ambas têm um papel importante na memória.

Para tentar reverter esse quadro degenerativo, Lozano e sua equipa recorreram à estimulação cerebral – enviar impulsos eléctricos para o cérebro através de eletrodos implantados.

O grupo instalou os dispositivos perto do fórnix – um aglomerado de neurônios que enviam sinais para o hipocampo – dos pacientes diagnosticados com Alzheimer há pelo menos um ano. Os investigadores aplicaram pequenos impulsos eléctricos 130 vezes por segundo.

Testes realizados um ano depois mostram que a redução da glicose foi revertida nas seis pessoas. Esta descoberta pode levar a novos caminhos para tratamentos de Alzheimer, uma vez que é a primeira vez que foi revertida.

Os cientistas admitem, no entanto, que a técnica ainda não é conclusiva e que necessita de mais investigação. A equipa vai agora iniciar um novo teste que envolve 50 pessoas.
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MÃES, ALZHEIMER E MÚSICA. http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/05/maes-alzheimer-e-musica.html

CEGOS/ACESSO À LEITURA - Tratado internacional facilitará acesso a obras publicadas e impressas

Tratado vai facilitar acesso a pessoas com deficiência

Acordo entre países da América Latina e Caribe facilitará acesso a Obras Publicadas


Brasília - Uma proposta dos governos do Brasil, do Paraguai, do Equador, da Argentina e do México, com apoio do Grupo de Países da América Latina e do Caribe, levou à definição do Tratado de Marraquexe para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas para Pessoas Cegas, com Deficiência Visual ou outras Deficiências para o Acesso ao Texto Impresso, durante a Conferência da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi), no Marrocos. O acordo foi assinado hoje (28).
O objetivo do tratado é “reparar a escassez” de publicação de obras adaptadas a pessoas com deficiência visual, impedindo o acesso à leitura, à educação, ao desenvolvimento pessoal e ao trabalho em igualdade de oportunidades. Pelos dados divulgados, menos de 1% das obras publicadas no mundo é convertido em formatos acessíveis às  pessoas com deficiência visual e dificuldade de leitura.
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, foi até o Marrocos, onde fica Marraquexe, para negociar os termos do acordo, e ressaltou que é fundamental cada país atuar também para aprimorar os mecanismos de acesso às pessoas com deficiência visual ou dificuldade de leitura. “O compromisso que assumimos hoje é um grande avanço em favor da garantia dos direitos das pessoas com deficiência, constituindo uma base sólida para, em nossos países, aprimorarmos nossas legislações e adotarmos novas políticas públicas”, lembrou ela.         
O documento autoriza duas exceções para a livre produção e distribuição de obras em formato acessível ao grupo de pessoas com deficiência visual e dificuldade de leitura de textos impressos.
O acordo para elaborar o tratado foi uma iniciativa conjunta com o objetivo principal de aumentar a oferta de livros para pessoas cegas, com deficiência visual ou outras deficiências para o acesso ao texto impresso, “sem prejudicar a proteção efetiva dos direitos autorais nem criar impactos” sistêmicos negativos ao regime internacional.
Estamos dando às pessoas com deficiência visual e deficiência para leitura a esperança de terem seus direitos fundamentais garantidos, promovendo a superação de barreiras concretas ao seu pleno desenvolvimento. A partir deste tratado, as pessoas com deficiência visual poderão ter acesso à leitura, à educação, ao desenvolvimento pessoal e ao trabalho em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”, disse a ministra da Cultura. 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA/LEGISLAÇÃO - Projeto de Lei 5059/13 atualiza multas para desrespeito à Cotas

Projeto reajusta multa de empresa que não contratar deficiente

Valor arrecadado com as multas será destinado ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e aplicado, exclusivamente, na qualificação profissional de trabalhadores com deficiência

A Câmara analisa o Projeto de Lei 5059/13, da deputada Erika Kokay (PT-DF), que estabelece critérios e atualiza os valores das multas aplicadas contra empresas que não respeitarem a cota de pessoas com deficiência em seu quadro de funcionários.
Atualmente, a legislação (Lei 8.213/91) determina que a empresa com 100 ou mais empregados é obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
  • até 200 empregados, 2%;
  • de 201 a 500, 3%;
  • de 501 a 1 mil, 4%; e
  • a partir de 1.001, 5%.
Apesar de a lei não determinar uma cota para empresas com menos de 100 funcionários, a proposta da deputada inclui esse grupo entre as passíveis de penalidades se não contratarem pessoas com deficiência.
O texto apresentado estabelece o seguinte escalonamento nas multas:
  • R$ 6.084 a R$ 7.609 para empresas com até 99 empregados;
  • R$ 7.610 a R$ 9.135 para aquelas com 100 a 200 empregados;
  • R$ 9.136 a R$ 10.661 para empresas de 201 a 500 empregados;
  • R$ 10.662 a R$ 12.187 para a que tiver entre 501 e 1 mil empregados; e
  • R$ 12.188 a R$ 13.713 para empresas com mais 1 mil empregados.

O valor efetivo da multa será obtido multiplicando-se o número total de empregados com deficiência que deixou de ser contratado ou o número de empregados dispensados de forma irregular pelo valor previsto para a faixa de enquadramento da empresa e não será maior que R$ 750 mil.
Para o estabelecimento da multa, serão observados diversos critérios, como a gravidade da infração, as condições da empresa para cumprir a lei, os antecedentes da empresa no cometimento de infração da mesma natureza nos cinco anos anteriores à autuação, a extensão da infração e a situação financeira da empresa infratora.
O montante arrecadado com a aplicação das multas será destinado ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e aplicado, exclusivamente, na qualificação profissional de trabalhadores com deficiência.
Defasagem
Já existem diversas normas que estabelecem multas para esse tipo de infração, mas a deputada Erika Kokay considera os valores defasados. “Partimos da base legal já existente e, simplesmente, promovemos os ajustes necessários nos valores, tendo em mente o objetivo de tornar extremamente oneroso o descumprimento da lei”, declarou.
A deputada também destacou o estabelecimento de critérios para a aplicação da multa. “Além de instituir valores mais condizentes com o objetivo de inibir a violação da norma em vigor, a proposta ora apresentada institui critérios que devem ser considerados para fins de gradação da multa a ser aplicada às empresas que não observarem o disposto na legislação”, concluiu.
Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:

Reportagem – Rodrigo Bittar
Edição – Pierre Triboli

terça-feira, 25 de junho de 2013

SAÚDE MENTAL/REFORMA PSIQUIÁTRICA - Audiência Pública aponta falhas nos Caps e critica o modelo manicomial

Internação é obstáculo na reforma psiquiátrica, dizem debatedores

Para representantes do Ministério da Saúde, maioria das instituições psiquiátricas têm estrutura inadequada e oferecem tratamento em desacordo com proposta de não isolar paciente. Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) também estariam impregnados de estrutura manicomial, avalia deputada.

Audiência pública com o Grupo de Trabalho sobre Saúde Mental para discutir a situação atual da Política de Atenção à Saúde Mental no Brasil. Coordenadora Adjunta da Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde, Maria Fernanda Nicacio
(foto colorida de Maria Fernanda Nicácio, que diz que o desafio é ampliar serviços e consolidadar rede de atenção psicossocial foto de ZECA RIBEIRO)

Quase 11 mil pessoas continuam morando em hospitais psiquiátricos no País. São 10.570 pacientes internados há mais de um ano em 162 instituições psiquiátricas brasileiras, apesar de a lei prever, desde 2001 (Lei 10.216/01), a internação como último recurso no tratamento de transtornos mentais. O tema foi debatido nesta terça-feira (25) em audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família.
Alfredo Schechtman, do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), mostrou que, conforme pesquisa realizada pelo órgão em 2011, 101 de 189 instituições psiquiátricas mantêm estrutura inadequada, seja quanto a recursos humanos, equipamentos ou planos de atendimento individualizado dos pacientes. Dos hospitais pesquisados, 75% são privados, com fins lucrativos ou beneficentes, e 25% públicos.
Entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011, 1.250 pessoas morreram nessas instituições, sendo que metade delas não teve a causa da morte bem definida.
Menos leitos
Uma das bases da reforma psiquiátrica de 2001 está na substituição gradativa do modelo de tratamento em hospitais para um atendimento em comunidade, sem isolamento e mais humanizado. De acordo com Maria Fernanda Nicacio, da área técnica de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde, de 2010 a 2012, o número de leitos nesses hospitais caiu de 32.735 para 29.958. Mas o quadro ainda é desafiador, segundo admitiu.
“Temos uma ampliação muito significativa do acesso ao cuidado de saúde mental de base comunitária territorial. Mas permanece o desafio de ampliação desse acesso, do serviços, assim como a efetiva consolidação da rede de atenção psicossocial.”
O Ministério da Saúde, segundo Maria Fernanda, tem aumentado, nos últimos anos, o custeio de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e de Serviços Residenciais Terapêuticos e diminuído, por outro lado, os recursos para hospitais psiquiátricos. Ao todo, já são quase 2.000 Caps no País, que têm por objetivo fazer o acompanhamento clínico e a reinserção social dos pacientes.
Problemas no Caps
Mas mesmo nos Caps, no entanto, o atendimento tem problemas, na avaliação da coordenadora do grupo de trabalho sobre saúde mental, na Comissão de Seguridade Social, deputada Érika Kokay (PT-DF).
“A gente luta muito para ter Caps no Brasil inteiro. Mas eles também estão sendo objeto de uma concepção centrada no médico, em estruturas hospitalares. Há um paradoxo: serviços que são substitutivos, que vêm para suprir ou superar o manicômio, estão sendo em grande medida impregnados pela estrutura manicomial”, avaliou.
Érika Kokay defendeu que o grupo de trabalho se debruce também sobre denúncias envolvendo hospitais de custódia, que abrigam criminosos com transtornos mentais. Além disso, a deputada pretende investigar as internações compulsórias, autorizadas por decisão judicial. Ela relata que, em visita recente do grupo a um hospital psiquiátrico em Teresina (PI) verificou-se que, dos 160 pacientes, 30 estavam internados compulsoriamente sem parecer médico.
Reportagem – Ana Raquel Macedo
Edição – Rachel Librelon

LEIAM TAMBÉM NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET sobre SAÚDE MENTAL

SAÚDE MENTAL? QUANDO INTERNAMOS OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL? http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/11/saude-mental-quando-internamos-os.html

CRACK/PESQUISAS - Pesquisa de universidades revela comportamento de dependentes do Crack

Os bastidores do crack

Pesquisa busca dados aprofundados sobre o comportamento dos usuários de crack no Rio de Janeiro e em Salvador. A ideia é que os resultados contribuam com ações governamentais junto a esse grupo.
Por: Déborah Araujo
Consultório de rua para dependentes químicos
*(imagem- fotografia em tons alaranjados, colorida, Unidade de consultório de rua para dependentes químicos na cidade do Recife (PE). Pesquisa visa contribuir para ações governamentais de intervenção junto a usuários de crack. (foto: Erasmo Salomão, ASCOM/MS/ Flickr – CC BY-NC-SA 2.0
A maioria dos estudos sobre o crack sugere que o uso da substância é prevalente entre jovens marginalizados, com graves problemas de saúde e envolvimento com o crime, e suas informações param por aí. Em busca de dados mais aprofundados, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) avaliaram recentemente o comportamento de 160 usuários regulares de crack na capital fluminense e em Salvador.
Além das características já conhecidas, o estudo identificou outras: usuários de crack nas duas cidades tendem a fazer uso de outras drogas e mantêm comportamento de risco para doenças sexualmente transmissíveis e transmitidas pelo sangue. “As taxas encontradas foram ainda mais altas do que supúnhamos”, declara o psiquiatra Marcelo Santos Cruz, professor do Instituto de Psiquiatria da UFRJ e coordenador do estudo. “Além disso, a não utilização do preservativo, a alta frequência de relações sexuais, o grande número de parceiros diferentes e a troca de sexo por droga, comportamentos comuns entre os usuários, são muito preocupantes.”
A pesquisa também aponta que 42% e 70% dos usuários, respectivamente, do Rio e de Salvador, têm algum tipo de trabalho, legal ou ilegal, portanto, recebem algum tipo de remuneração. A prostituição é uma forma de se obter dinheiro para o consumo para 17% do grupo de usuários de crack da capital fluminense e para 8% dos voluntários da capital baiana. Além disso, 56% dos usuários de Salvador já haviam sido detidos pela polícia, contra 28% dos usuários do Rio.
O estudo buscou identificar ainda o modo como o crack é consumido. Os recipientes plásticos são os preferidos dos usuários do município do Rio (87%) para fumar a pedra de crack, já os de Salvador preferem fumar a substância misturada aos cigarros de maconha (34%) ou ao cigarro comum (10%).

Entrevistas e exames

Além da equipe liderada pelo psiquiatra Marcelo Santos Cruz, da UFRJ, o estudo também envolveu pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da Universidade Simon Fraser e do Centro de Dependência e Saúde Mental – as duas últimas do Canadá.
Foram avaliados, entre novembro de 2010 e junho de 2011, 81 usuários de crack da cidade do Rio de Janeiro e 79 de Salvador, todos na faixa etária entre 18 e 24 anos. As duas cidades foram escolhidas para a pesquisa por terem equipes com mais experiência e maior acesso aos usuários que vivem nas ruas. “Usamos os contatos com pessoas da comunidade que as equipes já conheciam para convidar usuários de crack para as entrevistas”, explica Cruz.
As entrevistas foram feitas a partir de um questionário com seis partes: informações sócio-demográficas (sexo, idade, moradia, escolaridade, fontes de renda, entre outras); padrão do uso de drogas, incluindo padrão de uso de crack; comportamento de risco para doenças sexualmente transmissíveis; autoavaliação da saúde mental e física; utilização de serviços sociais e de saúde; e problemas com a polícia.
Os pesquisadores também realizaram testes sorológicos para os vírus da hepatite B (HBV) e C (HCV) e da Aids (HIV). Os exames revelaram que 3,7% dos voluntários do Rio de Janeiro e 11,2% dos de Salvador são portadores do HIV. Cinco participantes do Rio de Janeiro estão contaminados pelo vírus HBV e apenas um de Salvador teve resultado positivo para o HCV. “O fato de termos encontrado baixas taxas de contaminação por HIV (no Rio) e pelos vírus das hepatites B e C (nas duas cidades) mostra uma janela de oportunidade de ações preventivas”, acrescenta o psiquiatra.

Ações preventivas

Os dados coletados no estudo visam contribuir para os trabalhos de intervenção do governo federal junto a usuários de crack. “É importante mapear a rede de serviços públicos oferecida a pessoas com problemas com drogas em cada área para melhorar o encaminhamento e articulação dos mesmos”, ressalta Cruz.
Entre os projetos em andamento, o pesquisador destaca os Consultórios na Rua de Salvador, que desde o fim da década de 1990 atendem principalmente crianças e adolescentes usuários de álcool e drogas. “São ações sociais e de saúde que incluem atividades de prevenção, encaminhamento para a rede e, em alguns casos, até tratamento realizado nos locais onde as pessoas estão”, completa.
Cruz é crítico ao projeto de lei que autoriza a internação involuntária de dependentes de drogas, em votação no congresso. Para ele, esse tipo de internação só deve ser feito nos casos em que o médico, após examinar a pessoa individualmente, percebe que ela coloca a sua vida ou a de outras em risco. “São situações muito diferentes quando você define a internação involuntária para cada indivíduo e quando você define para grupos.”
Além disso, o pesquisador acredita que a internação por si só não garante nada além de retirar o individuo imediatamente da situação em que se encontra. “Tem que haver condições de tratamento adequadas para essas pessoas, o que não é o caso de muitos serviços de internação em atividade hoje”, completa. 
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OS NOVOS MALDITOS E AS NOVAS SEGREGAÇÕES: da Lepra ao Crack http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/02/os-novos-malditos-e-as-novas.html

segunda-feira, 24 de junho de 2013

CEGOS/LIVROS DIGITAIS - Stevie Wonder clama por livros e acessibilidade para pessoas cegas na OMPI

Stevie Wonder pede maior acesso de livros para pessoas com deficiência visual

Músico e Mensageiro da Paz da ONU defende acordo internacional para o setor; mais de 600 negociadores participam de reunião da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, no Marrocos.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York. 
(imagem - fotografia do cantor Stevie Wonder, com o símbolo da ONU- Nações Unidas ao fundo) 
A Organização Mundial da Propriedade Intelectual, Ompi, está realizando uma reunião em Marrakech, no Marrocos, sobre como facilitar o acesso de livros e outras publicações para pessoas com deficiências visuais.
Mais de 600 negociadores dos 186 países membros da Ompi participam do encontro. Eles tem até o dia 28 de junho para definir um acordo sobre o tema.
Presente
O músico e mensageiro de paz da ONU, Stevie Wonder, enviou uma mensagem de vídeo aos diplomatas, onde apela à assinatura do tratado internacional.
Stevie Wonder disse que os cegos do mundo todo estão contando com os negociadores no Marrocos. Para o músico, a assinatura do acordo representa "o legado e um presente para as gerações futuras". 
Para o cantor e compositor, o novo tratado poderá "abrir as portas para os tesouros escritos do mundo, levando a um futuro onde não há barreiras para a expansão do conhecimento e do prazer da cultura, mesmo para as pessoas com deficiência visual".
Braille e Áudio
Stevie Wonder garante que caso o acordo seja alcançado, ele irá para Marrakech celebrar com as delegações que participam da reunião da Ompi.
Segundo a agência da ONU, o tratado que está sendo negociado ampliaria o acesso cegos a livros e outras publicações em formatos como Braille, audiolivros ou impressões com letras grandes.
Uma pesquisa da Ompi feita em 2006 descobriu que apenas 60 países têm cláusulas em suas leis de direitos autorais estabelecendo regras especiais em benefício das pessoas com deficiência visual, como versões de livros em Braille ou em áudio.
A União Mundial dos Cegos calcula que de 1 milhão de livros publicados por ano, menos de 5% estão em formatos acessíveis a esse público.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, existem mais de 314 milhões de cegos e deficientes visuais no mundo e 90% vivem em países em desenvolvimento.
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UMA LUZ NO FIM DO LIVRO http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/09/uma-luz-no-fim-do-livro.html

sábado, 22 de junho de 2013

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA/TRABALHO - Só por 22 centavos, nos EUA, de dólar por hora

EUA: empresa paga 22 centavos para empregado com deficiência

A atitude tem respaldo da lei, já que nos Estados Unidos é permitido que algumas companhias paguem a empregados com deficiência o valor que achem adequado de acordo com suas habilidades


Uma empresa americana especializada em ajudar pessoas com deficiência a encontrar emprego paga a esses trabalhadores até 22 centavos de dólar por hora - menos que o salário mínimo americano. Segundo reportagem da rede americana NBC, a atitude tem respaldo da lei, já que nos Estados Unidos é permitido que algumas companhias paguem a empregados com deficiência o valor que achem adequado de acordo com suas habilidades.
De acordo com a reportagem, uma lei de 75 anos permite que empresas como a Goodwill Industries, que paga salários de centenas de milhares de dólares a seus executivos, possam remunerar pessoas com deficiência com um salário abaixo do mínimo - que é de US$ 7,25.
A NBC encontrou outros exemplos de trabalhadores com deficiência, como uma franquia da rede de restaurantes Applebee's, em Nova York, que pagava entre US$ 3,97 e US$ 5,96 a seus funcionários.

terça-feira, 18 de junho de 2013

AUTISMOS/PESQUISAS - Pesquisa nos EUA investiga conexões cerebrais de crianças com autismo

Estudo revela conexões cerebrais fracas em crianças autistas

Pesquisa pode abrir caminho para novos tratamentos 

Algumas crianças com autismo têm conexões cerebrais fracas nas regiões que relacionam o discurso com o sistema de recompensa emocional, revelou uma pesquisa nesta segunda-feira (17), abrindo caminho para novos tratamentos.
O estudo publicado na revista "Actas" da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos (PNAS) sugere, pela primeira vez, que a razão pela qual as crianças com autismo mostram uma falta de sensibilidade à voz humana pode se vincular a circuitos defeituosos nos centros de recompensa do cérebro, como explica Vinod Menon, um dos autores do estudo e professor de Psiquiatria e Ciência do Comportamento na Universidade de Stanford, Califórnia.
Uma conexão cerebral fraca pode impedir as crianças com autismo de experimentar o discurso como algo agradável.
Os pesquisadores fizeram imagens cerebrais por ressonância magnética de 20 crianças com um tipo alto de autismo. Elas têm um coeficiente intelectual normal, podem falar e ler, mas mostram dificuldades na conversa e na compreensão de sinais emocionais. 
 Ao comparar as imagens com as de 19 crianças sem autismo, os cientistas descobriram que os cérebros dos menores com autismo mostravam baixas conexões com regiões do cérebro que liberam dopamina em resposta a recompensas.
No lado esquerdo do cérebro, as crianças autistas mostraram conexões fracas com o núcleo accumbens e a área tegmental ventral. Já no lado direito, no córtex de voz seletiva, onde são detectados os sinais vocais e de tom, havia um conexão fraca com a amígdala cerebral, que processa os sinais emocionais.
Os pesquisadores também determinaram que uma conexão mais baixa supõe uma pior capacidade de comunicação, explica Daniel Abrams, um pesquisador de Pós-Doutorado em Psiquiatria em Stanford e outro autor do estudo.
A voz humana é um som muito importante. Não apenas dá significado, mas proporciona informação emocional fundamental para uma criança. Somos os primeiros a mostrar que essa falta de sensibilidade pode ser resultado de problemas de sistemas de recompensa no cérebro.
Os resultados também sustentam a teoria de que as pessoas com autismo têm um déficit na motivação social que explica sua falta de atenção às vozes e às palavras, em vez de um déficit sensorial que lhes impede de ouvir palavras, diz Menon.
É provável que as crianças com autismo não prestem atenção às vozes porque não são gratificantes, ou emocionalmente interessantes, o que afeta o desenvolvimento de sua linguagem e de suas habilidades de comunicação social. Descobrimos um circuito cerebral anormal que está por trás de um déficit básico no autismo. Nossas descobertas podem ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos para esse transtorno.
Investigações adicionais também podem revelar se uma terapia chamada Treinamento de Resposta Essencial (PRT, do inglês "Pivotal Response Training"), que tenta motivar as crianças a usar a linguagem para a interação social, tem algum efeito no fortalecimento desses circuitos cerebrais.
O autismo, um transtorno do desenvolvimento cada vez mais diagnosticado, afeta uma em cada 88 pessoas nos Estados Unidos.
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UM AUTISTA PODE VIR A SER UM ARTISTA COM A ÁGUA? http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/04/um-autista-pode-vir-ser-um-artista-com.html

AUTISMOS/ PESQUISAS - Na USP é estudado o modelo animal de autismo em ratas grávidas

Estudo cria modelo animal de autismo

Resultados indicam que um tipo de infecção bacteriana no meio da gestação induziria alterações comportamentais similares às do autismo

Ao infectar ratas grávidas com uma parte da bactéria Escherichia coli, cientistas da Universidade de São Paulo (USP) conseguiram induzir na prole um quadro semelhante ao autismo, criando um modelo animal da doença que poderá ser útil em diversas pesquisas.
O trabalho – um dos vencedores da última edição do Prêmio Tese Destaque USP – começou ainda durante o mestrado de Thiago Berti Kirsten e foi concluído em seu doutorado.
“Nossa maior contribuição foi mostrar que, além dos já bem estabelecidos fatores genéticos, infecções durante a gestação também são importantes na etiologia das doenças mentais. Nossos achados indicam que uma infecção bacteriana aproximadamente no meio da gestação induziria alterações comportamentais similares às do autismo, com prejuízos na comunicação, socialização e inflexibilidade cognitiva”, disse Kirsten. 
O experimento consistiu em injetar uma toxina extraída da membrana da bactéria E. coli chamada lipopolissacarídeo (LPS) em ratas no nono dia e meio de gestação. Segundo Martha Bernardi, pesquisadora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP e orientadora do estudo, isso seria o equivalente a uma mulher contrair uma intoxicação alimentar pela bactéria por volta do quarto mês de gravidez.
As ratas apresentaram um discreto e passageiro quadro de comportamento doentio após a contaminação, mas logo voltaram ao estado normal e cuidaram de forma adequada dos filhotes. Na prole, por outro lado, os efeitos foram maiores e duradouros.
“Após o parto, deixamos com as ratas oito filhotes: quatro fêmeas e quatro machos. Todas as fêmeas apresentaram comportamento normal. Os machos, por outro lado, mostraram menor preferência pelo odor da mãe, indicando menor reconhecimento materno, e redução na socialização por meio de brincadeiras. Como o autismo é bem mais comum em homens do que em mulheres – em uma proporção de quatro para um –, a diferença observada entre machos e fêmeas é uma evidência forte de que conseguimos criar um modelo da doença”, avaliou Bernardi.
Os resultados sobre a capacidade reduzida de socialização foram publicados na revistaNeuroImunoModulation. Já os dados sobre a dificuldade de reconhecer a mãe pelo olfato foram divulgados na Physiology & Behavior.
Ao estudar o cérebro dos filhotes afetados, ainda durante o mestrado, Kirsten observou que a produção de dopamina – neurotransmissor envolvido no controle de movimentos, aprendizado, humor, emoções, cognição, sono e memória – estava diminuída. Os resultados foram publicados no Journal of Neuroscience Research.
Segundo Bernardi, estudos anteriores haviam relacionado o autismo apenas à deficiência de serotonina. “Fomos os primeiros a relacionar a condição a uma hipofunção dopaminérgica. Mas vale ressaltar que estudamos apenas uma das formas de autismo, a induzida por inflamação. Essa síndrome, no entanto, é multifatorial, pode ter causas genéticas, medicamentos e outros fatores envolvidos”, disse.
Durante o doutorado, Kirsten estudou os receptores de dopamina no cérebro dos ratos e observou que estavam inalterados. Descobriu, por outro lado, que a enzima necessária para a produção de dopamina – a tirosina hidroxilase – estava diminuída. Ao investigar os demais neurotransmissores não encontrou alterações relevantes.
“Acreditamos que a toxina da bactéria tenha induzido no corpo da rata prenhe a liberação de citocinas inflamatórias que causaram uma lesão funcional no cérebro dos filhotes. O tecido cerebral e as células gliais da prole, no entanto, estavam normais”, disse Bernardi.
Também durante o doutorado, com a ajuda de um aparelho capaz de capturar ultrassons, Kirsten mostrou que os bebês machos apresentavam problemas de comunicação. “Quando tiramos a mãe de perto dos filhotes, normalmente eles começam a gritar para que ela volte. Mas nos machos essa comunicação estava diminuída. Além disso, eles apresentavam um comportamento repetitivo típico do autismo”, contou Bernardi.
Segundo Bernardi, já há outros grupos usando o modelo animal desenvolvido por Kirsten para investigar, por exemplo, a percepção de dor no autismo. “Não se sabe ao certo se pacientes com a doença sentem menos dor que o normal ou apenas expressam menos a dor”, afirmou Bernardi.
Para Kirsten, o modelo é interessante para a comunidade científica por ser facilmente replicado e por reproduzir com fidelidade vários aspectos do autismo.
O próximo passo é realizar intervenções nos filhotes após a doença materna, ainda na gestação, com substâncias que interfiram nos seus sistemas imunes ou revertam os danos neurológicos. Esperamos encontrar ideias que encorajem futuras intervenções em humanos, para tentar amenizar ou mesmo reverter os prejuízos trazidos pelo autismo”, disse Kirsten, que realiza no momento pós-doutorado com apoio da FAPESP e supervisão do professor Luciano Freitas Felício, da FMVZ-USP.
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O AUTISMO NÃO É APENAS UMA DOENÇA http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/06/o-autismo-nao-e-apenas-uma-doenca.html

ORGULHO AUTISTA/ ONGS - Conheçam a Associação Amigos dos Autistas de Sorocaba

Sorocaba, SP, é referência no tratamento de autismo

Associação auxilia no diagnóstico e tratamento do distúrbio.
Nesta terça-feira (18) é comemorado o Dia do Orgulho Autista.


Nesta terça-feira (18) é comemorado o Dia do Orgulho Autista. A data serve para conscientizar sobre a síndrome e sobre os tratamentos para os portadores do autismo, um distúrbio que afeta a comunicação e o comportamento. Em Sorocaba (SP), existe uma associação de pais de autistas.
A Associação Amigos dos Autistas de Sorocaba (Amas) foi fundada em 1994, com o objetivo de auxiliar no diagnóstico, tratamento e assistência para pessoas que têm a síndrome. Entre as 40 cidades da região, Sorocaba é a pioneira no tratamento especializado do autismo.
A Amas atende jovens e adultos com idade entre 14 e 40 anos de idade em período integral. Além dos atendimentos educacionais, os alunos contam com uma equipe terapêutica, alimentação e transporte.
Segundo a psiquiatra infantil Cláudia Gomes Antila, o diagnóstico do autismo é complexo e demorado. “Há alguns sintomas característicos como atraso da linguagem, dificuldade do contato visual e comportamento agitado”, explica.
Ainda de acordo com a psiquiatra infantil, o autismo não tem cura, mas o diagnóstico precoce e o tratamento correto podem melhorar o desenvolvimento do paciente. “O tratamento é multidisciplinar e às vezes há a necessidade do uso de medicamento para o controle do comportamento".  (Informa o DefNet que há muitos avanços no campo das terapias e tratamentos para pessoas vivendo com os Autismos ou Transtornos do Espectro Autista, além do uso de medicamentos da psicofarmacologia)
A Amas fica na Rua Nova Odessa, 201, no Jardim Vera Cruz. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (15) 3217-8074, ou pelo site http://www.amas.com.br/
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domingo, 16 de junho de 2013

SURDEZ/PREVENÇÃO - O Teste da Orelhinha como prevenção das deficiências auditivas

O que é o teste da orelhinha e qual a sua importância?


DIÁRIO DA MANHÃ
MÁRCIO NIEMEYER

A surdez é o distúrbio sensorial mais comum ao nascimento. Entramos então numa grande contradição quando priorizamos a realização do “teste do pezinho” em detrimento do então popularmente conhecido como “teste da orelhinha”. Todas as condições testadas no dito “teste do pezinho” são muito menos frequentes do que a surdez e a não detecção desta condição e a consequente ausência de tratamento adequado, que idealmente deve ocorrer até os seis meses de vida, dificulta a adaptação destes indivíduos à sociedade. A perda auditiva tem uma frequência 50 vezes maior que a fenilcetonúria, 12 vezes maior que o hipotireoidismo e é três vezes mais comum que a síndrome de Down. De forma nenhuma aqui, há uma defesa de um em detrimento do outro, mas sim da realização dos dois testes de triagem neonatal, assim como de outros aqui não mencionados.
Um estudo realizado nos Estados Unidos, em 1998, no Estado do Colorado, mostra de forma inconteste que crianças com perda auditiva que são tratadas antes dos 6 meses de vida têm, aos 3 anos, índices de linguagem comparáveis às crianças com audição normal.
As emissões otoacústicas são sons gerados na cóclea (ouvido interno) e captados no meato acústico externo por uma sonda. São emitidas de forma espontânea em 40 a 60% das pessoas com audição normal. O aparelho usado no “teste da orelhinha”, gera sons que estimulam o aparecimento das emissões otoacústicas. Portanto, ao mesmo tempo em que é um gerador de sons estimuladores, é um captador dessas emissões provocadas. As otoemissões provocadas aparecem em virtualmente 100% dos indivíduos com audição normal. O “teste da orelhinha” é um exame rápido, de fácil realização, não invasivo e indolor. Deve ser realizado, de preferência, antes da alta da maternidade, com aparelho apropriado e por profissional devidamente habilitado. Como é um exame de triagem, seu resultado negativo não significa presença de surdez, mas essas crianças devem, no momento apropriado, repetir o referido exame e quando indicado pelo otorrinolaringologista, submeterem-se a outros pertinentes. Neonatos com outros fatores de risco para surdez também necessitam de um acompanhamento mais pormenorizado.
Inúmeras são as causas de surdez em recém-nascidos como baixo peso ao nascimento, prematuridade, hipóxia (baixa oxigenação) durante o parto, internação em UTI neonatal, uso de certos medicamentos e as causas congênitas. Nos países desenvolvidos, as causas genéticas são as mais comuns. Estas podem aparecer tão somente como uma perda auditiva isolada (50% dos casos) ou pertencente a determinadas síndromes. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, as infecções congênitas ainda apresentam grande importância devido à baixa cobertura vacinal e ao acompanhamento pré-natal precário. O esclarecimento quanto à importância deste exame aos pais e a não negligência quanto a sua realização, inclusive pelo poder público, permite então o diagnóstico precoce da perda auditiva e seu tratamento no momento oportuno, permitindo uma vida destas crianças mais adaptada, mais feliz e como menos ônus à sociedade.
(Márcio Niemeyer, médico otorrinolaringologista. e-mail: marcioniemeyer@gmail.com)
FONTE -  

sábado, 15 de junho de 2013

HOMOSSEXUALIDADE/REPRESSÃO - A Ilha fascista de Musolini para o "isolamento'' de gays

Fascistas criaram 'ilha gay' para confinar homossexuais

(Imagem - foto colorida de uma ilha com o mar à direita e uma grande floresta donde se vê à distância este local de isolamento, é a ilha de San Domino, no Arquipélago de Tremini, no Mar Adriático, na Itália, fonte BBC)

Há 75 anos, durante o fascismo na Itália, um grupo de homens rotulados de "degenerados" foi expulso de casa e internado em uma ilha. Eles eram mantidos em cárcere privado, mas alguns deles dizem ter vivido uma experiência liberalizante nesta que teria sido a primeira comunidade abertamente gay do país.

Todos os anos, turistas são atraídos pela beleza dessa pequena faixa de ilhas vulcânicas do Mar Adriático. Mas apenas recentemente um grupo de visitantes chegou ao arquipélago de Tremiti, não apenas para aproveitar a paz e o sossego do lugar, mas para lembrar um fato importante.
O grupo era formado por ativistas de direitos dos gays, lésbicas e transgêneros. Eles vieram para realizar uma pequena cerimônia relembrando um triste episódio que aconteceu na ilha há 70 anos.
'Avanço da degeneração'
Por volta do final dos anos 1930, o arquipélago teve participação importante no esforço dos fascistas de Benito Mussolini de suprimir a homossexualidade. Os gays atrapalhavam o projeto do líder fascista do país, que queria disseminar uma Itália de imagem masculina.
"Fascismo é um regime viril. Portanto, os italianos são fortes e masculinos, e é impossível que a homossexualidade possa existir no regime fascista", diz o professor de história da Universidade de Bergamo, Lorenzo Benadusi.
Assim, a estratégia era a de encobrir a questão de todas as formas possíveis. Leis discriminatórias contra gays acabaram não sendo aprovadas na época, mas o clima criado não permitia manifestações de homossexualidade, que poderiam ser vigorosamente reprimidas. E um prefeito da cidade siciliana de Catania tirou grande proveito dessa atmosfera de repressão de Mussolini.
"Notamos que alguns clubes, praias e lugares nas montanhas recebem muitos desses homens doentes, e jovens de todas as classes sociais buscam a sua companhia", escreveu. Ele estava determinado a combater o "avanço da degeneração" na cidade "ou, pelo menos, conter a aberração sexual que ofende a moralidade e é um desastre para a saúde pública e para o melhoramento da raça". E ele continuou: "Esse demônio precisa ser atacado e queimado na sua essência."
Livro
Assim, em 1938, cerca de 45 homens acusados de serem homossexuais em Catania, na Sicília, foram presos e enviados a um exílio interno. Subitamente, o grupo se viu confinado a 600 km de distância, na ilha de San Domino, em Tremitis, no Mar Adriático
O episódio foi totalmente esquecido. Acredita-se que ninguém que tenha enfrentado a punição continue vivo atualmente, e existem apenas poucos relatos do que aconteceu na ilha. Mas no livro "A Ilha e a Cidade", os pesquisadores Gianfranco Goretti e Tommaso Giartosi falam de dezenas de homens, a maioria de Catania, e as duras condições que enfrentaram em San Domino.
Eles teriam chegado algemados e então abrigados numa casa ampla de dormitórios espartanos, sem eletricidade ou água encanada. "Ficávamos curiosos, porque eles eram chamados de 'as garotas'", conta Carmela Santoro, uma moradora da ilha que era apenas uma criança quando os exilados gays começaram a chegar.
"Nós íamos assisti-los a sair do barco... todos bem vestidos, no verão, com meias brancas... de chapéu. E nós vínhamos vê-los com surpresa... 'olha aquela uma, como ela se mexe!' Mas nós não tínhamos nenhum contato com eles".
Outro morador, Attilio Carducci, relembra quando um sinal sonoro tocava às 8 da noite todos os dias, anunciando que os homens não podiam mais ficar do lado de fora.
"Eles eram trancados dentro dos dormitórios e ficavam sob vigilância da polícia", relembra. "Meu pai sempre falava bem deles. Ele nunca teve nada de mal a dizer sobre eles - e ele era um representante local fascista."
Os prisioneiros sabiam que a exposição de sua homossexualidade teria causado vergonha e raiva de seus familiares em lares extremamente conservadores nas cidades e vilas italianas. Um pouco dessa atmosfera é capturada na carta de um filho para um pai pobre e agricultor. Ele estava estudando para ser padre quando foi preso.
Implorando às autoridades judiciais para deixá-lo ir pra casa, ele escreveu: "Imagine, Sua Excelência, o dor do meu amado pai. Que desonra para ele!" "Exílio por cinco anos... Isso me enlouquece só em pensar".
O prisioneiro, identificado apenas como Orazio L, requisitou a chance de deixar a ilha para "servir à Pátria" no Exército. "Me tornar soldado, e depois retornar ao seminário para viver em confinamento é o único jeito no qual eu posso reparar o escândalo e a desonra para a minha família", escreveu.
Nem tão ruim
Mas alguns relatos dados por ex-exilados gays indicam que a vida não era tão ruim em San Domino. Eles descrevem o dia a dia em um regime de prisão comparativamente tranquilo. Sem querer, os fascistas criaram um canto na Itália onde se era esperado ser abertamente gay.
Pela primeira vez na vida, os homens podiam ser eles mesmos, livres do estigma que normalmente os circundava na devota Itália católica dos anos 1930. O relato de um ex-prisioneiro da ilha explicou o que isso significava, numa rara entrevista publicada há alguns anos na revista gay Babilonia. Ele disse que de certa forma, os homens viviam melhor na ilha do que fora dela.
"Naquela época se você era um femmenella (gíria italiana para homem gay), você não poderia nem mesmo sair de casa ou se fazer perceber, a polícia prenderia você", disse em sua cidade natal, perto de Nápoles. "Na ilha, de um outro lado, celebrávamos nossos dias de santo ou a chegada de alguém novo. Fazíamos teatro e podíamos nos vestir de mulher que ninguém dizia nada."
E para completar, claro, ele disse que existiam romances e até mesmo brigas. Alguns prisioneiros partiram, disse Giuseppe, com o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, e o consequente fim do regime de confinamento de San Domino. Os prisioneiros foram então colocados numa espécie de confinamento doméstico nas cidades de onde eles vieram.
Exclusivamente gay
Um grande número de homens gays foi internados juntamente com prisioneiros políticos em outras pequenas ilhas, como Ustica e Lampedusa, mas San Domino foi única em que todos os exilados eram gays. É extremamente irônico, levando em conta a situação na Itália daquele tempo, que os gays pudessem encontrar um certo grau de liberdade apenas em uma prisão numa ilha.
Na celebração dos gays ativistas de direitos humanos, que se reuniram no arquipélago há algumas semanas, foi inaugurada uma placa em memória dos exilados. O marco será uma lembrança perene da perseguição de Mussolini contra homossexuais na Itália.
"Isto é necessário, porque ninguém sabe o que aconteceu naqueles anos", disse um dos ativistas, Ivan Scalfarotto, que também é membro do Parlamento, em Roma. Ele afirma que a comunidade gay ainda sofre na Itália. Os homossexuais não são mais presos e despachados para ilhas, mas até mesmo hoje em dia eles não são considerados cidadãos "classe A".
Para Scalfarotto, ainda existe o estigma social ligado à homofobia na Itália, já que o Estado não estende todos os direitos civis a casais homossexuais. Por isso, Scalfarotto acredita que a luta pela igualdade continua na Itália.
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A ILHA DE FELIZ SEM ANO E SEU INTRUSO, E, NÓS TAMBÉM. (apenas um re-conto) http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/05/a-ilha-de-feliz-sem-ano-e-seu-intruso-e.html

quinta-feira, 13 de junho de 2013

ALBINOS/DIREITOS HUMANOS - ONU aprova resolução contra a discriminação de Albinos

Conselho de Direitos Humanos condena discriminação contra albinos

Resolução foi aprovada em Genebra nesta quinta-feira; países pedem medidas que garanta a segurança das pessoas com a condição. 
(imagem - fotografia colorida do amplo salão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, com as mesas em formato arredondado e concêntricas, com um belo teto onde o azul é predominante)
O Conselho de Direitos Humanos adotou uma resolução que condena ataques e discriminação de pessoas albinas. O documento foi aprovado nesta quinta-feira, em Genebra.
O órgão também pede medidas para garantir a proteção de pessoas com albinismo. A resolução foi uma proposta das nações africanas.
Investigação
Na alteração genética, ocorre uma falha na produção de melanina, causando ausência parcial ou total da pigmentação da pele, olhos e cabelos.
Os países que fazem parte do Conselho de Direitos Humanos pedem garantias da prestação de contas, através de uma conduta imparcial e da investigação rápida e eficaz dos ataques contra albinos.
Objetivos
O embaixador de Angola junto às Nações Unidas em Genebra, Apolinário Jorge Correia, destacou em entrevista à Rádio ONU a promoção dos direitos dos albinos como objetivo fundamental da resolução.
"Ainda há tendências, em algumas sociedades, onde é visível a discriminação contra os albinos. Estes têm dificuldades de encontrar emprego e de se inserir na sociedade, porque ainda há preconceitos. Esta resolução visa, precisamente, acabar com esses estereótipos. É uma resolução do grupo africano que foi apoiada por outros países fora do continente e passou por consenso."
Bruxaria 
Segundo a ONU, na Tanzânia, onde os ataques contra albinos são recorrentes, houve 72 homicídios desde 2000. Os casos estão geralmente ligados à bruxaria.
A resolução prevê ainda que seja garantido o acesso das vítimas e das suas famílias a remédios apropriados e à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Resposta
O embaixador Correia falou da situação dos albinos em Angola.
"A importância é lutar para a promoção e igualdade para os direitos dos Albinos. Em Angola estamos avançados, já temos a Associação de Apoio aos Albinos de Angola, para combater este tipo de discriminação e marginalização que ainda existia."
O Conselho pediu ao Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos que apresente um relatório preliminar sobre os ataques e a discriminação contra as pessoas com albinismo na próxima sessão.