quarta-feira, 30 de outubro de 2013

ADOLESCÊNCIA/GRAVIDEZ PRECOCE - Onu lança relatório mundial sobre as 7.3 milhões de 'mães' adolescentes

Relatório da ONU diz que 7,3 milhões são mãe antes dos 18 anos

"Estado da População Mundial" mostrou que a maternidade precoce é um grande problema global; países em desenvolvimento registram 95% dos casos; Brasil é um dos que aumentaram acesso das adolescentes grávidas à saúde.

(imagem - foto colorida de uma jovem adolescente, com roupa típica de sua região, possivelmente na  Índia, de cores muito fortes, trazendo ao colo uma criança pequena, Relatório “Maternidade na Infância: Enfrentando o Desafio da Gravidez Adolescente” foi apresentado hoje. Foto: Unfpa/Mark Tuschman)

O Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, alertou que todos os anos 7,3 milhões de meninas e jovens menores de 18 anos têm filho nos países em desenvolvimento.
Isso significa 20 mil nascimentos diários na região, que registra 95% dos casos.
Desafios e Futuro
A informação consta do relatório "Maternidade na Infância: Enfrentando o Desafio da Gravidez Adolescente", divulgado esta quarta-feira.
A representante auxiliar do Unfpa no Brasil, Fernanda Lopes, disse à Rádio ONU, de Brasília, que o documento destaca os principais desafios e o impacto da gravidez na adolescência sobre as meninas.
"A gravidez é um fato que embora influencie no projeto de vida, essas meninas também têm que ser vistas na sua potencialidade. Ainda que elas já sejam mães e que sejam mães cedo. Esse é o grande desafio."
E falando sobre esse potencial, a jovem brasileira Lívia Lemos, que teve um filho quando tinha 14 anos, deu um conselho para as adolescentes.
"A primeira coisa é se prevenir sempre, que nunca (se) sabe com quem você está fazendo ou o que pode trazer, as vezes não é uma gravidez é uma doença. Que a pessoa nunca deixe de estudar, sempre pensar que agora não é só mais ela. Ela tem um motivo a mais que vai ser o filho, então é sempre lutar para você dar o melhor para ele."
Brasil
Segundo o relatório, o Brasil é um dos países que adotaram medidas para aumentar o acesso de adolescentes aos serviços de saúde pré e pós-natal.
O documento afirma que o Brasil elevaria sua produtividade em mais de US$ 3,5 bilhões, equivalentes a mais de R$ 7 bilhões, se as jovens adiassem a gravidez para depois dos 20 anos.
A gravidez na adolescência também tem um custo, no Brasil, ele corresponde a 10% do Produto Interno Bruto do país.
O Unfpa diz ainda que as adolescentes grávidas têm menos chances do que as mulheres de adquirir qualquer conhecimento profissional antes e depois do parto.
Lusófonos
A situação nos países lusófonos preocupa. A taxa de nascimento entre jovens de 15 a 19 anos entre 1991 e 2010 foi de 193 para cada mil em Moçambique; 165 em Angola, Guiné-Bissau 137 e São Tome e Príncipe 110.
Ainda na lista estão Cabo Verde com 92 nascimentos para cada mil adolescentes grávidas, Brasil com 71 e Timor-Leste com 54. Portugal tem o menor número, apenas 16.
Em comparação com os países desenvolvidos, Estados Unidos registraram 39 nascimentos por cada mil jovens grávidas, Grã-Bretanha 25, França 12 e Alemanha 9.
Riscos
O documento mostra que das 7,3 milhões de meninas e jovens grávidas, 2 milhões têm menos de 14 anos. O Unfpa diz que essas meninas correm vários riscos de saúde ao terem filhos tão cedo.
Apesar de 90% dos nascimentos serem frutos de casamentos ou uniões, a ONU diz que eles têm consequências na saúde, na educação, no emprego e nos direitos de milhões de meninas.
Aproximadamente 70 mil adolescentes nos países em desenvolvimento morrem todos os anos por causa de problemas na gravidez ou no parto. Pelos cálculos do Unfpa, anualmente são realizados 3,2 milhões de abortos considerados inseguros, sem as mínimas condições médicas.
Causas e Sugestões
Entre as causas da maternidade precoce, o relatório cita os casamentos infantis organizados pelas famílias, a pobreza, a violência sexual e a falta de acesso anticoncepcionais.
Para combater o problema, o relatório sugere ações preventivas para as jovens e a proibição de casamentos para menores de 18 anos. Além disso, o Unfpa diz que as meninas devem ter mais acesso não só à educação regular, mas também sexual.
fonte - Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

AUTISMO/LITERATURA INFANTIL - Autora de Passarinha responde sobre o livro na Bienal

Comportamento de uma criança autista estampa obra de escritora americana 

O voo da Passarinha

Comportamento de uma criança autista estampa obra de escritora americana Divulgação/Divulgação
(imagem - foto colorida de uma criança em posição fetal dentro de um cesto, com a palavra Passarinha escrita acima e dentro do cesto, foto de divulgação) 

Kathryn Erskine é uma escritora americana da literatura infantil que já ganhou vários prêmios com seus romances. Sua nova obra, Passarinha, que acaba de ser lançada no Brasil durante a Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, traz a história de Caitlin, 10 anos, autista e portadora da Síndrome de Asperger. A personagem perde o irmão em uma tragédia. 

Com a morte do familiar, se vai a ponte com o mundo, já que ele era seu tradutor da realidade. Ela precisa se virar sozinha, porque o pai fica devastado. Apesar de ter escrito uma ficção, a autora — que tem uma filha autista de 16 anos — baseou-se em extensa pesquisa científica sobre o tema.

Na entrevista a seguir, saiba um pouco mais sobre o que passa na cabeça de uma criança com autismo, e entenda melhor seu comportamento.

Vida — O seu livro chamou a atenção da crítica por tratar de um tema pouco comum na literatura de forma sensível e ilustrada. Qual foi a sua intenção com essa publicação? 
Kathryn Erskine — Minha esperança é que os leitores possam entender melhor o espectro do autismo. Estando dentro da cabeça dela, eles podem ter uma ideia de como é ter autismo de alto funcionamento. Eu acredito que quando entendemos algo, então nós somos muito mais tolerantes e se sentir mais à vontade, porque a situação não é mais tão estranho. 

Vida — Nas primeiras páginas do livro, percebe-se que você trata do autismo no contexto familiar. Como a família pode ajudar um filho ou irmão que tenha autismo? 
Kathryn — A família é o primeiro sistema de suporte da criança. A família conhece ele ou ela melhor que ninguém. Toda a família pode ajudar, os pais e irmãos, bem como tias, tios, avós, etc. A família é um lugar seguro para a criança estar, especialmente após o dia na escola, que é bastante desgastante. Pense em ter que conduzir uma situação durante todo o dia que você não entende. Isso é o que se sente uma criança com autismo. Compreensão e ajuda são importantes, mas também as regras e ordem são importantes. Isso ajuda a tornar uma criança com autismo se sentir segura e ser capaz de prever o que vai acontecer, o que é de particular interesse para essas crianças. Há tanta coisa em seu mundo que fica fora de controle que os limites e previsibilidade são muito importantes. 

Vida — O que todos deveriam saber sobre como lidar com esta doença? 

Kathryn — Realmente, aprender tanto quanto puder e ter paciência. Também ser direto ajuda muito. Se a criança faz algo e você quer que ela pare, então você fala "eu gostaria que você não fizesse isso" ou "eu preferia que você fizesse aquilo" não tem muito significado. Você pode pedir a eles que parem, e talvez explicar por que é importante parar e claramente o que deveriam fazer. 

Vida — Em que você se inspirou para escrever esse livro? 
Kathryn — Desde que minha filha está no espectro do autismo, embora o dela é muito leve, eu entendo como isso pode ser frustrante - tanto para a pessoa com autismo e aqueles que lidam com essa pessoa. Eu queria compartilhar isso com os outros na esperança de que eles possam entender e ter um tempo mais fácil se comunicar. Então, muitas pessoas já me disseram que eles agora entendem o seu primo ou aluno ou amigo muito melhor agora. Isso é muito gratificante. 

Vida — Quais os desafios para um autista na educação? Ser professor de uma pessoa com essa doença requer esforços adicionais dos professores? 

Kathryn —
 Sim, exige um esforço adicional porque você tem que entender a criança e antecipar as suas reações. Interrupções na rotina muitas vezes são difíceis para as crianças com autismo, assim como barulhos e luzes, e multidões ou empurra-empurra, assim, por exemplo, se a sua escola está tendo uma evacuação de fogo, é uma boa ideia para deixar a criança saber antes do tempo ou levar a criança fora da escola antes dos outros evacuar. Quanto mais o professor sabe sobre como a criança lida com o estresse e como acalmá-lo, ou evitar a reação, melhor. Como com qualquer criança, pode ser um trabalho duro, mas as recompensas são grandes.

LEIAM TAMBÉM SOBRE AUTISMOS NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET - 

UM AUTISTA PODE VIR A SER UM ARTISTA COM A ÁGUA? http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/04/um-autista-pode-vir-ser-um-artista-com.html

ALZHEIMER/GENÉTICA - Consórcio de pesquisa descobriu 11 genes relacionados com a doença

Estudo indica 11 genes que teriam ligação com mal de Alzheimer


Um estudo que envolveu quatro grandes consórcios internacionais de pesquisa e analisou o DNA de quase 75 mil voluntários - 25,5 mil portadores do mal de Alzheimer e 49.038 pessoas saudáveis do grupo de controle - de 15 países descobriu 11 genes relacionados à forma mais comum da doença neurodegenerativa. Eles se somam a outros genes conhecidos e que podem ser alvo de medicamentos para combater a desordem. O estudo foi divulgado neste domingo na revista especializada Nature Genetics.
Os genes descobertos atuam no funcionamento de marcas conhecidas do Alzheimer, como o acúmulo das proteínas tau e beta-amiloide no cérebro. Além disso, foram identificadas marcas genéticas ligadas à resposta imunológica e inflamação, migração celular, transporte de lipídios e endocitose. Além disso, outros genes foram apontados como "potenciais" para auxiliar no tratamento da doença, mas que precisam de mais pesquisa. 
Segundo os cientistas, a descoberta pode indicar medicamentos que podem ajudar a prevenir ou diminuir os efeitos da doença nos portadores ao focar no funcionamento desses genes.
"Nossas descobertas nos levam mais perto de identificar novas drogas para o Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas. Nós continuamos a expandir e analisar nossos dados desse incrível grupo e então nós podemos entender melhor as influências genéticas nessa doença devastadora e achar novas intervenções médicas e terapêuticas", diz Margaret A. Pericak-Vance, diretora do Instituto John P. Hussman (EUA) e um dos líderes do estudo.
"O Alzheimer é uma desordem complexa, e mais estudo é necessário para determinar o papel relativo de cada um desses fatores genéticos. E eu espero continuar nossa colaboração para descobrir mais sobre estes - e quem sabe outros - genes", diz Gerard Schellenberg, professor da Universidade da Pensilvânia e líder de um dos quatro consórcios envolvidos no esforço.
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ALZHEIMER NÃO É UMA PIADA, mas pode ser poesia de vida http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/06/alzheimer-nao-e-uma-piada-mas-pode-ser.html

domingo, 27 de outubro de 2013

CEGOS/PESQUISA - Jornalista faz mapeamento de trabalhos de cegos no ciberespaço

Jornalista cega lança livro sobre produção de deficientes na internet

Produção mostra mapeamento de trabalhos de cegos no ciberespaço.
Lançamento acontece neste sábado (26), na Bienal do Livro de Alagoas.

Fabrícia Omena mapeou a produção de pessoas cegas no ciberespaço  (Foto: Waldson Costa/ G1)
(imagem - foto colorida da jornalista Fabrícia Omena, com um laptop à sua frente, e à esquerda, onde ela esta´digitiando' com auxilio de um fone no ouvido, com um software que lhe permite acesso à Internet - fotografia Waldson Costa/ G1)

A jornalista e pesquisadora alagoana Fabrícia Omena, que é cega, lança, na noite deste sábado (26), no espaço Café Literário da Edufal, durante a VI Bienal do Livro de Alagoas, que acontece no Centro de Convenções, o livro “Mapeamento das produções de pessoas cegas brasileiras disponíveis no Ciberespaço”.

A produção, escrita em coautoria com a pesquisadora e professora mestre Madileide Duarte, é resultado de uma pesquisa científica desenvolvida nos anos de 2008 e 2009, onde as autoras se dedicaram em localizar e identificar na internet a produção de deficientes visuais e pessoas cegas nos campos das artes, da profissionalização e da pesquisa científica.

“Um dos grandes focos da temática do livro é mostrar o potencial de pessoas que possuem baixa visão ou cegueira. Com este mapeamento, conseguimos mostrar que, mesmo com as limitações, os cegos são ativos e podem produzir em diversos campos do conhecimento com qualidade”, expõe Fabrícia Omena, que durante a produção de pesquisa ficou responsável pelo levantamento e entrevista das histórias que compõem o livro.
Responsável pela orientação do trabalho acadêmico que foi transformado em livro, a professora Madileide Duarte destaca que a produção chega para mudar paradigmas de muita gente, que ainda desconhece a capacidade de produção das pessoas com deficiência.
“Esperamos que pessoas com deficiência visual vejam os trabalhos de pessoas com limitações e se inspirem para também produzirem. E que as pessoas que não possuem esse tipo de limitação passem a compreender as diferenças e entendam que os cegos não precisam de protecionismo, mas, sim, de oportunidade”, relata a pesquisadora.

Madileide revela ainda que o fato da ex-estudante de comunicação social ser cega fez com que ela despertasse o interesse em desenvolver pesquisas científicas no campo da deficiência visual. “Neste sentido, o aprendizado foi em mão dupla e continuado, na sequência de três pesquisas, duas pelo CNPq e o livro, que após a publicação impressa poderá também ser disponibilizado em e-book, para facilitar o acesso de pessoas com deficiência visual ao conteúdo”, disse.
Quanto a formatação do livro para o Braile, Fabrícia Omena explica que o procedimento é complexo porque exige uma transcrição e adaptação, que são feitas por profissionais especializados. “Diante deste fato, vamos disponibilizando o livro por etapa, primeiro impresso e depois como e-book, o que já garante a acessibilidade”, completa.
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UMA LUZ NO FIM DO LIVRO http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2010/09/uma-luz-no-fim-do-livro.html

sábado, 26 de outubro de 2013

ACESSIBILIDADE/BIBILIOTECA - Unesp proporciona acesso e acessibilidade em biblioteca da universidade

Acessibilidade para Pessoas com Deficiência chega à biblioteca da Unesp em Marília 

Unidade conta com scanners de voz e softwares de leitores de tela.
Local foi uma dos primeiros do estado a receber os equipamentos

Unidade conta scanners de voz e softwares de leitores de tela (Foto: Reprodução/TV Tem)
(imagem - fotografia colorida de uma jovem, de costas, diante de uma tela, com um ampliador que permite o escaneamento do texto colocado embaixo dele, com ampliação que permite a pessoas com baixa visão a leitura do mesmo, fotografia TV TEM)

A biblioteca da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Unesp em Marília (SP) está com diversos equipamentos especiais que que possibilita o atendimento e o acesso às informações para pessoas com deficiência.
O acesso a toda informação presente na biblioteca será possível por meio de "scanners de voz", softwares leitores de tela, lupa eletrônica, impressora braile e outros equipamentos, bem como o treinamento adequado da equipe, que recebeu capacitação voltada para o atendimento. Na Unesp de Marília, essa capacitação foi realizada em parceira com o Departamento de Educação Especial da Unidade.
O serviço é destinado às pessoas com deficiência. Os usuários, uma vez cadastrados no sistema da biblioteca e comprovando a deficiência, poderão utilizar os equipamentos específicos para manejo e leitura de documentos. “A biblioteca não possuía esse tipo de equipamento. Hoje vemos o usuário com deficiência como cegos e deficientes vindo até aqui para recuperar a informação”, diz a diretora da biblioteca Vânia Fantini. 
Também poderão fazer uso de uma senha pessoal e intransferível para acessar obras em uma Biblioteca Digital Acessível (BDA) que está em fase de estudo de implantação. O local passou por reforma e conta com sinalização e mapa especial. A biblioteca da Unesp está localizada na Avenida Hygino Muzzi Filho, 737 e mais informações podem ser obtidas pelo telefone (14) 3402-1334/1335.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

EDUCAÇÃO/VIOLÊNCIA NA ESCOLA - Câmara dos Deputados discute punição para aluno que desrespeitar professor(a)

Audiência discute punição para aluno que desrespeitar professor

O estudante agressor poderá ser suspenso ou encaminhado ao juiz. O Ministério da Educação foi convidado para participar do debate, já que, segundo Osmar Serraglio, é contra a proposta.

A Comissão de Educação realiza audiência pública na próxima terça-feira (29) para discutir o projeto de lei que estabelece punições para aluno que desrespeitar o professor (PL267/11).
O projeto muda o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) para incluir o respeito aos códigos de ética e de conduta como responsabilidade e dever da criança e do adolescente na condição de estudante. O aluno infrator poderá ser suspenso e, na hipótese de reincidência grave, será encaminhado à autoridade judiciária competente.

A proposta já foi aprovada pela Comissão de Seguridade Social e Família e agora está na Comissão de Educação onde a relatora, deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), também apresentou parecer pela aprovação.
Voto contra
O deputado Artur Bruno (PT-CE), no entanto, apresentou um voto em separado em que pede a rejeição do projeto. “Os atos de violência, por parte de alguns alunos, que assistimos hoje não serão resolvidos por uma nova lei. A situação é bem mais complexa e só será resolvida com ações multidisciplinares de médio e longo prazo”, argumenta.
O debate, na opinião de Osmar Serraglio (PMDB-PR), será a oportunidade de professores relatarem casos de agressões sofridas em salas de aula, “causando constrangimento e medo nos profissionais, tornando o ambiente escolar insatisfatório aos outros alunos”.
O Ministério da Educação, que segundo Serraglio, também é contra o projeto foi convidado para justificar sua posição.

Debatedores
Além do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, foram convidados para debater o assunto:
- a coordenadora- geral das Redes Públicas da Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC), Clélia Mara dos Santos;
- o presidente da Confederação do Conselho Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão;
- o secretário de Inspeção do Trabalho (TEM), Paulo Sergio de Almeida;
- o diretor do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho (DSST/TEM), Celso de Almdeida Haddad;
- o secretário de Educação do Paraná, Flávio Arns;
- a secretária de Educação de Maringá (PR), Solange Lopes;
- Marlei de Carvalho, representante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná; e
- João Luiz Cesarino da Rosa, representante da Confederação Nacional dos
Estabelecimentos de Ensino.
A audiência será realizada no Plenário 9, a partir das 14h30.

PESSOAS COM DEFICIENCIA/NOVAS TECNOLOGIAS - Cientista brasileiro mostra pontapé de paraplégico na Copa

Simulação mostra como paraplégico deve dar o pontapé inicial na Copa do Mundo de Futebol

O cientista brasileiro Miguel Nicolelis divulgou nesta sexta-feira um vídeo que mostra como deve ser dado o pontapé inicial da Copa do Mundo do Brasil, em junho de 2014 - uma iniciativa inédita que pretende tornar possível a um paraplégico chutar uma bola na abertura da Copa. A simulação é parte do projeto Walk Again (Andar de Novo), que estuda as possibilidades da interação cérebro-máquina para a superação de deficiências motoras. Com o uso de um exoesqueleto, a meta é ir além do chute inaugural do torneio, permitindo a um brasileiro com deficiência motora caminhar.​
"Simulador virtual, acoplado a Fred, andador robótico, será usado por todos os pacientes envolvidos no projeto Andar de Novo (Walk Again)", escreveu o médico em seu perfil no Facebook. A ideia é que os passos sejam controlados por sinais originários do cérebro, que seriam transmitidos de uma unidade do tamanho de um laptop em uma mochila carregada pela pessoa.
A simulação foi realizada na sala de realidade virtual do Instituto Internacional de Neurociência de Natal (IINN-ELS). Ao lado do personagem no vídeo aparece um monitor mostrando um estádio virtual - que conta inclusive com o ruído da torcida. "Avatar do jogador já está sendo controlado por atividade elétrica cerebral de um dos pesquisadores que participou da concecpção da sala de realidade virtual", afirmou Nicolelis.
Há duas semanas, Nicolelis divulgou as primeiras imagens do joelho robótico do exoesqueleto. "O sonho começa a sair do papel e virar realidade", descreveu ele. O computador carregado pelo usuário do exoesqueleto robótico ainda traduziria sinais elétricos cerebrais, sendo que a máquina estabilizaria o peso do corpo e induziria as pernas robóticas do deficiente físico para coordenar os movimentos necessários.
Conheça os 4 graus da celulite
VEJA O VIDEO EM http://terratv.terra.com.br/Default.aspx?cid=493922
fonte - http://noticias.terra.com.br/ciencia/pesquisa/simulacao-mostra-como-paraplegico-deve-dar-o-pontape-inicial-da-copa,e1142de0960f1410VgnVCM4000009bcceb

CÂNCER DE PRÓSTATA/NOVOS TRATAMENTOS - Vacina brasileira é novo tratamento para CA de próstata

Vacina desenvolvida no Brasil pode tratar câncer de próstata

Sistema imunológico do paciente passa a identificar as células cancerosas e destrói o tumor. Técnica tem sido adaptada com sucesso para outros tipos de carcinoma


  O câncer de próstata matou pelo menos 15 mil brasileiros no ano passado e 60 mil novos casos surgem no país anualmente. Embora os índices de cura sejam elevados – 95% para casos descobertos precocemente, conforme dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) – uma vacina pode ser a esperança contra a doença.
Trata-se de uma terapia imunológica desenvolvida no Brasil e que tem conseguido resultados animadores na primeira rodada de testes clínicos: a chance de morte caiu de um em cada cinco pacientes para um em cada 11, depois de cinco anos. O método já está sendo testado em outros tipos de câncer.
O coordenador da pesquisa, Fernando Kreutz, explica que a vacina é desenvolvida especificamente para cada paciente, com células extraídas do tumor que vai ser combatido. Dessa forma, as células do sistema imunológico passam a reconhecer os antígenos e transformam as células doentes em alvos. De acordo com o médico, que preside a Associação Brasileira de Biotecnologia, cada paciente tem um perfil de células tumorais diferentes e por isso o tratamento personalizado tem mais eficácia.
Já existem opções no mercado
Vacinas similares já existem no mercado. A empresa estatal cubana Labiofam anunciou resultados promissores em um tratamento imunológico personalizado, embora não tenha divulgado detalhes da pesquisa em seu próprio site. Já a norte-americana Dendreon desenvolveu uma terapia em que linfócitos do paciente são modificados para atuar sobre uma proteína característica do câncer de próstata.
O remédio já está no mercado e o tratamento custa 91 mil dólares. Embora tenha falhado em reduzir os tumores avançados, a vacina provou-se eficaz em aumentar a sobrevida dos pacientes graves em até quatro meses.
A pesquisa de Kreutz tem usado os resultados da Dendreon como parâmetro comparativo e os resultados têm sido melhores. Dos 107 pacientes tratados, após cinco anos 85% apresentaram níveis de PSA indetectáveis. O PSA (Antígeno Prostático Específico) é uma proteína que, quando em níveis elevados no sangue, pode indicar a presença de tumor de próstata.
A diferença entre as duas terapias, segundo o médico, é que a vacina que ele desenvolve na FK Biotec não usa apenas um marcador protéico, mas material da célula tumoral do próprio paciente. "Nem mesmo as células do tumor são iguais entre elas", detalha. O material personalizado cria dezenas de diferentes marcadores – e não apenas a proteína padrão –, o que amplia largamente a chance de que a célula tumoral seja reconhecida pelo sistema imunológico.
Alternativa para outros tipos de câncer
Teoricamente, conforme Kreutz, o método pode ser adaptado para quase todos os tipos de câncer e por isso a equipe de pesquisas ampliou o foco. Pequenos grupos de paciente com câncer de mama, melanomas e câncer de pâncreas estão sendo tratados. O médico diz que a amostragem ainda é pequena e os resultados não podem ser medidos de forma estatística, no entanto, está satisfeito com os resultados preliminares. De três pacientes com câncer de pâncreas – um dos carcinomas mais letais – um deles apresentou uma resposta imunológica além da esperada, com a redução do tumor.
As vacinas podem ser um avanço no tratamento dos tumores, mas, para os homens, descobrir a doença da próstata em estágios iniciais é ainda a maior certeza de cura. "Não existe prevenção, existe diagnóstico precoce", afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Aguinaldo Nardi.
Segundo o médico, quando o carcinoma é identificado a tempo, 95% dos pacientes que recebem o tratamento adequado ficam livres da doença. O tratamento é planejado conforme a necessidade de cada doente, mas em geral, como explica o médico, há um procedimento cirúrgico seguido de tratamento hormonal, radioterapia e quimioterapia, em casos com metástase.
No entanto, a dificuldade maior está exatamente em se obter o diagnóstico ainda nos estágios iniciais da doença. Nardi afirma que 43% de todos os homens brasileiros nunca visitaram um urologista. O problema, na sua opinião, é a falta de acesso ao serviço público de saúde somado à falta de informação e ao preconceito. Ele recomenda que exames de PSA e toque retal sejam feitos a partir dos 50 anos. "E a partir dos 40 anos quando há histórico familiar de câncer de próstata", destaca.
Idade aumenta o risco de carcinoma
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) confirmam que a idade é o único fator de risco estabelecido. Estatísticas do instituto mostram que 62% dos casos acometem homens com mais de 65 anos e que o aumento da expectativa de vida em todo o mundo deve elevar o número de casos. O câncer de próstata é a segunda causa de morte por carcinoma entre homens no Brasil e no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pele.
Embora não conheça os resultados da vacina da FK Biotec, Aguinaldo Nardi acredita na eficácia dos tratamentos imunológicos na luta contra o câncer de próstata. Já Kreutz coloca ênfase: "É o futuro", garante. A patente da vacina já foi registrada, mas ele acredita que, em previsões otimistas, ainda leve cerca de três anos para o que o produto chegue ao mercado.
O pesquisador não vê a vacina como uma substituição para os métodos de tratamento já existentes, mas como um novo reforço que possa trazer qualidade de vida. O médico não fala em cura, mas na possibilidade de "manter pacientes já tratados livres da doença por mais tempo".
Além disso, Kreutz não vê empecilhos para que o remédio seja oferecido também a pacientes do sistema público no futuro. "Hoje, os brasileiros têm acesso a remédios que chegam a custar 100 mil reais e a vacina não será mais cara do que uma quimioterapia comum", calcula
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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

CHUMBO/ALERTA DA ONU - Envenenamento leva à morte e Deficiências Intelectuais

ENVENENAMENTO POR CHUMBO MATA 143 MIL PESSOAS POR ANO,  E CAUSA 600 MIL NOVOS CASOS DE DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL, ALERTA A ONU

(imagem - representação de cinco tonéis de tinta, com as cores azul - blue, escrito distúrbios de comportamento - behavior disorder, vermelho-red, escrito redução-reduced, rosa- magenta, escrito  Aborto espontâneo -miscarriage, Indigo - azul escuro escrito irritável-irritabled e verde-green escrito diminuição do crescimento - reduction growth, que são alguns dos efeitos colaterais gerados pela ingestão de chumbo, um metal pesado e tóxico, principalmente para crianças e mulheres grávidas, tendo em letras grandes e garrafais a frase abaixo: BAN LEAD PAINS - PROIBIR AS TINTAS COM CHUMBO, PRINCIPALMENTE EM BRINQUEDOS)
O relator especial das Nações Unidos sobre as obrigações de direitos humanos relacionadas à gestão ecológica e descarte de substâncias perigosas e resíduos, Marc Pallemaerts, pediu nesta segunda-feira (21) que os Governos aumentassem seus esforços para eliminar o uso do chumbo, especialmente em tinta e brinquedos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) é possível prevenir o envenenamento por chumbo, no entanto, a exposição a esse elemento ainda causa 143 mil mortes e 600 mil novos casos de crianças com deficiências intelectuais por ano.
A tinta com chumbo pode ser encontrada em casas, brinquedos, móveis e em outros objetos. A deterioração da pintura feita com tinta que contém chumbo em paredes, móveis e outras superfícies interiores gera a poeira contaminada dentro de casa, facilitando a ingestão tóxica por crianças. O chumbo tem sabor doce, fazendo com que muitas crianças ao colocar objetos na boca queiram engolir pequenas lascas de tinta.
Quando os níveis de exposição são altos, o chumbo causa danos cerebrais e ao sistema nervoso central, levando ao coma, convulsões e até a morte. As crianças que sobrevivem a esse tipo de envenenamento muitas vezes ficam com sequelas intelectuais e distúrbios comportamentais. Elas são particularmente vulneráveis aos efeitos tóxicos do chumbo porque absorvem de quatro a cinco vezes mais que adultos.
Em 1919, quando a Organização Internacional do Trabalho (OIT) recomendou a exclusão de mulheres e pessoas menores que 18 anos de atividades que envolviam o chumbo, o mundo já conhecia as consequências da exposição a esse elemento. “Não podemos esperar mais um século para acabar com o uso do chumbo, especialmente em tinta e brinquedos”, ressaltou Pallemaerts.
Durante a Semana Internacional de Ação para Prevenção do Envenenamento de Chumbo, de 20 a 26 de outubro, serão realizadas atividades voltadas para a conscientização do uso do chumbo.
Segundo a diretora da OMS para Saúde Pública e Meio Ambiente, Maria Neira, “a intoxicação por chumbo continua sendo um dos principais problemas de saúde ambiental para crianças em todo o mundo e a tinta que contém chumbo é o maior perigo para a potencial intoxicação de crianças”.
Cerca de 30 países já extinguiram o uso de tinta contendo chumbo. A Aliança Global para a Eliminação da tinta com chumbo, coliderada pela OMS e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), estabeleceu uma meta de 70 países até 2015.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

SAÚDE MENTAL/PSIQUIATRIA - Crítica sobre o caráter normativo do DSM-5 e os novos diagnósticos

O futuro de uma classificação

O DSM-5 revela o caráter normativo de suas classificações, fundadas num movimento vertiginoso de psiquiatrização da vida cotidiana
Gilson Ianninié psicanalista e professor da Universidade Federal de Ouro Preto
Antonio Teixeiraé psiquiatra, psicanalista e professor da UFMG
Num futuro não muito distante…
A ciência progride a passos largos. Quem, há vinte anos, poderia prever a abrangência do DSM-11, lançado ontem? É preciso lembrar que, desde a conturbada recepção do DSM-5, há quase vinte anos, a arbitrariedade de suas classificações e a ausência de fundamentação científica foi percebida tanto pela comunidade neurocientífica quanto pela comunidade dos trabalhadores em saúde mental. Portanto, não é exagero dizer que o dia 13 de dezembro de 2031 entrará para a história. As inovações do volume lançado na noite de ontem prometem um grande avanço científico no tratamento dos transtornos mentais.
Entre as novas síndromes descritas, destacam-se a padronização do tempo de luto normal para até três dias (decorrido esse prazo, o luto deve ser tratado como depressão patológica excessivamente intensa), além da tão sonhada descrição objetiva de 27 síndromes que acometem bebês e recém-nascidos e as tão esperadas síndromes ligadas ao trabalho, à religião, às artes e à política. Além da descrição de mais 374 novas síndromes, somadas aos 1.417 transtornos descritos na última versão, o DSM-11 traz ainda um aplicativo capaz de diagnosticar quaisquer transtornos em pouco mais de três segundos, interligado a um sistema de delivery de medicamentos. Entre as novidades mais esperadas, destacam-se a “síndrome do choro sem causa aparente detectável”, o “transtorno anoréxico infantil” e a “síndrome da insônia precoce”.

 A “síndrome do choro sem causa aparente detectável” é conhecida de pais e educadores. Antes da última versão do DSM, era erroneamente considerada como condição normal do lactente. Agora, a recomendação é que sejam tratados com psicofármacos bebês que, a partir do terceiro mês de vida, ainda apresentem choro sem causa aparente, diariamente ou, pelo menos, três vezes por semana. Já o “transtorno anoréxico infantil” acomete bebês com mais de seis meses que se recusam a serem alimentados com alimentos sólidos ou pastosos, o que acarretaria grave prejuízo ao desenvolvimento nutricional infantil. Também foi incluída a “síndrome da insônia precoce”, que é uma grave doença, provavelmente genética, que acomete uma parcela significativa dos bebês entre 9 e 18 meses de idade e que se caracteriza pela dificuldade em dormir um sono ininterrupto por, no mínimo, nove horas seguidas. 

Ainda na infância, foi descrito o “transtorno egossintônico da personalidade narcísica”, que acomete crianças que se identificam ou fantasiam ser princesas ou super-heróis. No capítulo sobre adolescência, foram introduzidas a “síndrome do diário de memórias”, caracterizada por uma compulsão em escrever experiências imaginárias em linguagem cifrada nos diários íntimos e desenhar coraçõezinhos inúteis, que acomete principalmente as meninas, e a “síndrome de formação de bandas sem futuro promissor pelo menos provável”, que descreve patologias ligadas à necessidade compulsiva de se formar bandas com o gênero musical em voga. Grande avanço foi observado também com a descrição da “síndrome da indefinição profissional”, que acomete tantos adolescentes em idade de definição profissional.
No capítulo sobre os transtornos relativos ao trabalho, foi introduzido o “transtorno do déficit de produção”, o “distúrbio monomaníaco cafeíno-induzido”, conhecido também como “síndrome do cafezinho”, que acomete principalmente funcionários públicos, e o “atraso matinal monomaníaco”, que se caracteriza por chegar atrasado ao trabalho, pelo menos uma vez por mês, por até 15 minutos. No capítulo sobre religião, foi introduzido o “transtorno de crença em entidades não-verificáveis experimentalmente”, com diferentes graus de fanatismo. Esse diagnóstico, corretamente realizado, é capaz de detectar propensão a atos de terrorismo já a partir da pré-adolescência. 

A “síndrome do invencionismo crônico” agrupa sintomas ligados à necessidade que pessoas antes consideradas como “artistas” têm de inventar “novas maneiras” disso ou daquilo. Ficou provado que gênios, antes tidos como “artistas”, sofreram de graves transtornos psiquiátricos, facilmente solucionáveis com tratamento adequado. São sintomas dessa doença: empregar palavras fora de seu contexto descritivo ou comunicacional, desenhar pessoas com quatro braços ou tartarugas cor-de-rosa, empregar notas musicais desnecessariamente dissonantes, utilizar objetos comuns de maneira inusitada, apropriar-se do espaço de maneira não-convencional.
No campo da política, foi ampliada a “esquerdopatia crônica”, grave sintoma que acomete parte da população, que apresenta sintomas como: produção de teorias conspiratórias acerca dos interesses do capital, inconformismo com a ordem vigente, postura crítica diante da mídia, leitura regular ou irregular de livros de filosofia e outras ciências humanas, além de outros graves acometimentos. Quanto às síndromes econômicas, foi descrita a “síndrome da incapacidade de produzir riqueza”. Entre os sintomas dessa condição psicopatológica estão: pobreza crônica, endividamento, boemia, leitura recorrente de livros de poesia. Está frequentemente associada a episódios de esquerdopatia aguda.
Na categoria patologias da vida conjugal, o grave acometimento que antes respondia pelo nome de amor, foi incluído como “transtorno monoerótico imaginário”. O tratamento requer internação compulsória por um período de seis semanas e separação total da pessoa “amada”. Outra coisa que chama a atenção positivamente é a exclusão de todas as condições ligadas ao que antes se denominava “vida subjetiva”, desde a implementação da obrigatoriedade da vacina antipulsional. O que demonstra o sucesso do programa de erradicação da sexualidade humana para fins não-reprodutivos.
A verdade tem estrutura de ficção
O caráter hiperbólico do texto acima pretende apenas exibir aquilo que a versão atual do DSM-5 não consegue mais ocultar: o caráter normativo de suas classificações, fundadas num movimento vertiginoso de psiquiatrização da vida cotidiana e numa psicopatologização do mal-estar subjetivo. Pois, por mais que essa paródia nos mostre o aspecto risível desse esforço de catalogação, é preciso aceitar que, do ponto de vista puramente formal, não há nada de propriamente exorbitante numa prática classificatória, seja ela qual for. Podemos constituir classes ou grupos, bastando, para tanto, atribuir um predicado comum a determinado número de indivíduos. O problema é que as classes normalmente se compõem em torno de uma representação atributiva que um discurso destaca, como é o caso da presença de mamas na formação da classe dos mamíferos, ou de incisivos superiores pronunciados, no caso dos roedores. 

Mas quando se trata de classificar sujeitos, mesmo que se busque imprimir uma marca de pertencimento sobre o corpo, como no caso da circuncisão para os judeus, as classes assim constituídas não se encontram fundadas sobre nenhuma propriedade representável. Uma classe de sujeitos depende, estritamente falando, do efeito de uma nomeação, de sorte que quando dizemos que alguém é judeu, brasileiro, proletário, burguês etc., a classificação assim produzida resulta somente do proferimento do nome. Diante, portanto, da ausência de uma propriedade representável consistentemente definida para classificar os seres falantes, os idealizadores do DSM se veem livres para criar novas classes diagnósticas, a seu bel prazer, ou, o que é pior, em conformidade com os lançamentos da indústria farmacêutica ou com as exigências dos gestores de saúde.
Tudo pode ser classificado do ponto de vista de uma prática discursiva, inclusive condutas, posições políticas e mesmo o amor. Que seja. Nada impede, todavia, que tomemos, então, para nós, essa mesma liberdade classificatória e avancemos ficcionalmente até o nível virtual de um último DSM em que o catálogo se capilariza. 

Este último DSM deveria, portanto, descrever um transtorno que acomete, preferencialmente, gestores obcecados com a rentabilidade dos planos de saúde, frequentemente vinculados a laboratórios farmacêuticos, assim como docentes universitários financiados por laboratórios, até pouco tempo restritos às universidades norte-americanas, porém com tendência a se propagarem para outros territórios. Chamemo-la de “transtorno de compulsão classificatória avaliativa maniforme” (TCCAM), ou doença de Simão Bacamarte, em homenagem ao alienista descrito por Machado de Assis, no final do século 19, que em nosso tempo se manifesta como uma necessidade incontrolável de classificar e avaliar todo comportamento observável, assim como preencher compulsivamente espaços de “sim”, “não” e “mais ou menos” em planilhas de avaliação. 

Alguns desvios caracteriais evidentes dessa síndrome incluem: a incapacidade sistemática de questionar a sua própria função e a necessidade obsessiva de eliminar todo e qualquer sofrimento subjetivo. Observa-se ainda, como sinal patognomônico desse quadro, uma importante alteração do juízo de realidade, manifesta no sentimento delirante de estar no direito de classificar e avaliar os demais sem permitir que seja avaliado ou classificado o próprio exercício de avaliação. A classe dos classificadores, assim constituída, não tolera que ela própria seja classificada. Em seu delírio, os pacientes acometidos pela TCCAM, ou pela doença de Bacamarte, chegam a se arrogar o direito de definir o que é científico ou não, sem, contudo, expor critérios que possam definir a cientificidade de sua prática classificatório-avaliativa.
Essa última versão paródica do DSM tem o interesse de nos apresentar, em seu limite, o caráter autofágico de uma prática desenfreada de avaliação classificatória. É bem verdade que, até o atual momento, os classificadores do DSM não fazem parte do conjunto dos objetos classificados, tal como os catálogos do paradoxo de Russell, que não contêm a si mesmo. Mas quando criamos, com a Casa Verde virtual do DSM-11, a classe dos classificadores compulsivos que não classificam a eles próprios, o paradoxo é inevitável: essa classe contém ou não contém os classificadores? Ela os contém porque não os contém, não os contém porque os contém e daí por diante… Teríamos, então, chegado a esse feliz momento de ironia suprema, em que o classificador enlouquece e decide, tal como o alienista de Machado de Assis, internar-se e deixar-nos finalmente em paz?
Mas as coisas não são tão simples assim. Sabemos que o DSM – a despeito de sua absoluta indigência epistemológica – não será tão cedo classificado como um caso patológico de compulsão classificatória, pois existe uma estrutura exterior sobre a qual ele se sustenta. O DSM permanece coeso, a despeito de todas as modificações que possa sofrer, em razão da tríplice aliança de catálogo, pílulas e discursos que o mantêm. Em primeiro lugar, o catálogo, enquanto operador da gestão, confere ao DSM sua forma de listagem provisória, que pode ser mudada conforme se modificam os arranjos institucionais do poder ao qual ele presta serviços.

 Em segundo lugar, cada classe catalogada será o máximo possível vinculada à pílula terapêutica, que é a promessa de bem-estar mental em sua forma-mercadoria, sustentada pelas estratégias de marketing dos laboratórios. Associações tais como TDH-Ritalina ou Distimia crônica-Venlafaxina são emblemáticas nesse sentido. Em terceiro lugar, o discurso da tecnociência, submetido à lógica do capital, organiza a crença mercantil que associa demanda e produto – no caso, doença mental e arsenal terapêutico – numa relação de evidência supostamente controlável. Sua função é dar à associação do catálogo com a pílula a roupagem do discurso da ciência.
Mas em que pese o caráter manifestamente ideológico que aqui se faz do discurso científico, é inútil protestar contra o DSM. Podemos, aliás, dizer que é do protesto que o DSM se nutre e extrai sua permanência. Sendo o protesto uma variável do discurso da demanda, na forma trivial da queixa, nada mais fácil ao DSM do que prover meios para responder às reclamações contra seus supostos excessos, mediante renovações periódicas de suas listagens. Se Lacan tem razão ao dizer que ao protestar contra uma situação, entramos no discurso que a condiciona, é porque, assim fazendo, indicamos as correções que tornam essa situação mais suportável. A prova disso é a supressão, em 1980, do diagnóstico de histeria no DSM-3, em resposta ao protesto das feministas contra o caráter sexista dessa denominação, assim como a eliminação, a partir de 1987, da categorização patológica da homossexualidade egodistônica para satisfazer ao lobby dos homossexuais americanos.
Estamos, aliás, às voltas com um protesto recente, de grande esplendor midiático, anunciado tanto noLe Monde quanto no NYT, relativo à decisão anunciada por Thomas Insel, diretor do prestigioso Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA (NIHM), de não mais se guiar pelo DSM. O DSM não mais nos serve, diz ele, em razão da falta de cientificidade de sua classificação. Se ao menos essa atitude fosse o prenúncio de um novo esforço de se pensar o mental fora dos enquadres disciplinares usuais… Que nada! Há mais alarde do que propriamente novidade nessa informação. O caráter ateorético do DSM é, há mais de trinta anos, conhecido de todos, e Thomas Insel, diretor da NIMH, não seria certamente o último a saber disso. Do ponto de vista prático, o DSM será ainda mantido, não apesar, mas graças aos ataques que vem recebendo. Ele encontrará meios de renovar, com outros adornos, sua roupagem pseudocientífica e comporá novas listas que agradem mais aos poderes que o subvencionam.
Até mesmo porque o projeto atualmente lançado pelo Instituto Nacional de Saúde Mental, coordenado por Thomas Insel, que deu origem ao Research Domain Criteria (RDoC), não produz grande diferença do ponto de vista do que se tem conhecimento na área da psiquiatria. Sua proposta de biologizar a realidade mental, de tratar o psiquismo nos termos de uma neurobiologia, nada mais é do que o velho naturalismo do antes-de-ontem de volta à cena como novidade reluzente do depois-de-amanhã, num palco arrimado pela crença de que a racionalidade tecnocientífica detém a derradeira palavra sobre a natureza e sobre o homem. A razão é mais ideológica do que epistêmica: eles bem sabem que quem hoje se vale do discurso da ciência passa a gozar de uma autoridade inquestionável, posto que não existe nenhuma instância extra-científica que nos autorize a questionar o seu veredicto.
Desse ponto de vista, se o mental será o neurobiológico, ou o físico-químico, ou o genético ou mesmo, quem sabe, o molecular, isso importa pouco. O que importa é que o nome, assim escolhido, pareça não ser apenas uma nomeação, pois esse é o atual erro do DSM: mostrar o mecanismo por detrás da mágica, revelar a impostura da qual ele é feito. O que interessa é organizar a convicção de que se pode estabelecer uma classificação da realidade mental que não seja uma pura nomeação, a partir de uma propriedade representável cientificamente, conforme a ideia que o senso comum faz da ciência neste ou naquele momento.
Não deixa, contudo, de ser interessante notar a ausência de um verdadeiro programa clínico no campo das neurociências. Isso não é casual, pois basta dar a palavra ao sujeito para se ver cair por terra esse ideal de representação científica da doença mental num código sem ambiguidades. O exemplo maior disso continua sendo o de Freud, que cedo percebeu a categoria irredutível do sujeito em sua experiência clínica. Mesmo partindo das concepções naturalistas da ciência de seu tempo, Freud se viu levado, malgrado ele próprio, a reintroduzir a subjetividade no campo metapsicológico pelo simples e fundamental gesto de escutar o que tem a dizer seu paciente. Freud, ali, encontrou um sujeito irredutível às classes que o englobam, ali onde o neurocientista visa calar o sujeito numa classe universal que o apreende sem resto.
O que caracteriza uma clínica que possa realmente sustentar esse nome é o esforço de pensar o sujeito em sua singularidade irredutível. Uma classificação diagnóstica deve ser suficientemente precisa e bem fundamentada para permitir uma estratégia de condução do tratamento, mas suficientemente aberta para pensar a maneira que cada sujeito encontra de ser inagrupável, i.e., de permanecer dessemelhante dos demais membros de sua própria classe. Toda verdadeira clínica nunca é mera técnica, mas é também uma aposta ética e política. É por esse conjunto de razões que, no atual momento, precisamos não de mais classes diagnósticas, mas de menos.
FONTE- http://revistacult.uol.com.br/home/2013/10/o-futuro-de-uma-classificacao/

LEIA TAMBÉM SOBRE O TEMA NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET - 

RETORNAR À CASA VERDE, RETROCEDER E INSTITUCIONALIZAR A LOUCURA? OU SOMOS “TODOS” LOUCOS? http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2013/05/retornar-casa-verde-retroceder-e.html

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

SURDOS/TECNOLOGIA ASSISTIVA - Surdos tem novo aplicativo do ProDeaf para o Facebook

ProDeaf cria aplicativo para comunidade surda usar o Facebook 
Para atender ao grande público que ainda não tem smartphones, o ProDeaf - startup pernambucana especializada em tecnologia assistiva para facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes - acaba de lançar o ProDeaf Web. Com isso, o primeiro tradutor online de Português para Língua Brasileira de Sinais (Libras) já pode ser utilizado gratuitamente em qualquer computador com acesso à Internet.

(imagem - um símbolo para representar a rede social de comunicação na Internet, com um globo terrestre de onde se ressaltam figuras coloridas, em vermelho, violeta, verde e azul, que tem balões de comunicação saindo de cada boneco)

O novo ProDeaf Web funciona em todos os navegadores de Internet. Para usar, basta ter uma conta no Facebook, acessar o link http://web.prodeaf.net e instalar o plugin indicado pela companhia. A partir daí, ao digitar uma palavra ou frase simples no local indicado, um personagem executa a tradução para Libras na tela do computador.

Dentre os recursos disponíveis no novo ProDeaf Web, o destaque fica por conta da possibilidade de compartilhamento de palavras ou frases em Libras, diretamente no Facebook - o que facilita a comunicação entre ouvintes e surdos e ainda favorece a divulgação do segundo idioma oficial do país.

A exemplo do ProDeaf Móvel - aplicativo para tablets e smartphones que já soma mais de 75 mil downloads -, o ProDeaf Web funciona com base em um dicionário de mais de 3.000 sinais. Dessa forma, além de traduzir as palavras digitadas, o sistema também permite consultar termos por ordem alfabética ou ainda por diversas categorias (animais, trabalho, alimentação, política etc.).

João Paulo Oliveira, CEO do ProDeaf, explica que o objetivo da empresa com o ProDeaf Web é alcançar o público que não consegue instalar o ProDeaf em seus celulares. "No Brasil, a maioria das pessoas ainda usa features phones; não smartphones. Por isso, recebemos pedidos diários solicitando uma forma de acessar as informações do ProDeaf de outra maneira, que não via celular", conta o executivo.

O desenvolvimento do ProDeaf levou dois anos e contou com a participação de 12 profissionais, incluindo designers, intérpretes, linguistas e programadores, liderados por Oliveira, pelo Chief Operations Officer Flávio Almeida, e pelo Chief Technology Officer da companhia, Amirton Chagas. O projeto contou ainda com a participação de colaboradores surdos das empresas do Grupo Bradesco Seguros. "A comunidade surda também atuou, nos fornecendo feedback para que chegássemos a este novo produto", explica.

Graças ao patrocínio do Bradesco Seguros, o novo ProDeaf Web é disponibilizado de maneira gratuita, assim como as demais versões do ProDeaf Móvel. O objetivo do Grupo Bradesco Seguros foi abraçar a causa da comunicação e da acessibilidade e ajudar os surdos na interação com as pessoas de seu círculo social.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 10 milhões de surdos no Brasil, e, deste total, 2,7 milhões não conhecem a Língua Portuguesa. Assim, o ProDeaf Móvel é útil, justamente para eliminar a barreira de comunicação que há entre ouvintes e surdos - especialmente entre pessoas do mesmo convívio social, como parentes e amigos.

Até agora, o ProDeaf Móvel, com versões para celulares e tablets baseados nos principais sistemas operacionais - Android, iOS e Windows Phone -, já foi baixado mais de 75 mil vezes. "Através da nova versão, via internet, podemos chegar a muito mais pessoas", afirma Oliveira. A expectativa da companhia é ter 50 mil usuários por mês na página do novo ProDeaf Web.
FONTE - http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=35195#.UmWfvPk3u2Y