“Existem dois tipos táteis de sinalização para deficientes visuais: o piso direcional, usado para guiar os deficientes ao longo do quarteirão; e o de alerta, colocado nas esquinas para avisar ao usuário que chegou o final do trajeto”, explicou o especialista em atividade motora adaptada Eduardo de Paula Azzini, de 32 anos. A terceira etapa da obra de revitalização das vias da região central terminou no dia 16 de maio, segundo o site da Prefeitura.
A reportagem do G1 caminhou na Rua Governador Pedro de Toledo, entre as ruas Voluntários de Piracicaba e Dom Pedro I, o que totalizou oito quarteirões. No percurso havia irregularidades em esquinas como placas de sinalização de trânsito, postes de contenção de acidentes e até bueiros no trajeto. No meio de um dos quarteirões, o único que tem o piso direcional, e que fica entre as ruas Dom Pedro II e Rangel Pestana, havia um tapete sobre a sinalização.
Este único caminho que estava sem obstáculos, por parte da Prefeitura, continha o tapete que foi colocado por um lojista. “O tapete faz com que o deficiente perca a direção. Quando ele chega neste local não sabe para onde ir. É importante que os pisos táteis estejam completamente livres”, afirmou Azzini. O gerente da loja Fábio José Pinto, de 34 anos, disse que o tapete seria retirado do local para evitar problemas.
Pisos parecidos
O especialista ainda reclama dos pisos que foram colocados nas calçadas do Centro - o vermelho e o cinza que estão próximos do piso tátil amarelo. Azzini afirmou que, como são parecidos, isto dificulta a locomoção. “Os deficientes não pisam na faixa para se locomoverem, mas passam com a bengala. Neste caso, como são iguais, atrapalha."
Loja coloca tapete vermelho sobre piso tátil em rua
do Centro da cidade (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
do Centro da cidade (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
Para a aposentada Margarida Aparecida Campos Detoni, de 38 anos, que perdeu a visão há 11 anos, andar sozinha no Centro é impossível. “Fico totalmente perdida. Mesmo com a bengala não tem como andar pelas ruas centrais, não tem sinalização correta, são colocados inúmeros obstáculos pelos lojistas na calçada, o que dificulta ainda mais nossa passagem”, contou a deficiente visual.
“Recentemente, fui comprar presente de Natal e meu marido pediu para que eu parasse. Eu perguntei se tínhamos chegado na esquina e ele disse que não. É que havia várias caixas de uma loja na calçada que não permitia a minha passagem. Se eu estivesse sozinha não iria saber, e poderia até cair.”
Tampa de bueiro interrompe piso tátil em rua da área central de Piracicaba (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
Resposta da Prefeitura
A Prefeitura de Piracicaba informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o projeto de remodelação das calçadas na área central foi elaborado em etapas, contemplado piso tátil na última. Em nota, o Executivo pediu a "compreensão" dos transeuntes até o final das etapas.
"O contraste em vermelho na calçada da área central é apenas detalhe arquitetônico. Não é sinalização para pessoas com baixa visão. Justamente por isso está instalado em área que chamamos de faixa de serviço, onde estão instalados os equipamentos urbanos (postes, lixeiras e outros), e na extensão das esquinas".
Quanto aos comerciantes colocarem tapetes nas calçadas e outros objetos que dificultam a passagem dos pedestres, principalmente dos deficientes visuais, a Prefeitura disse que vai repassar a demanda para as secretarias responsáveis tomarem as providências e intensificar, junto à Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi), o trabalho de orientação.
A Prefeitura disse ainda que o investimento para aplicação de piso tátil equivale a cerca de 6% a mais que o piso comum. Na área central, onde foi aplicado, o custo foi de cerca de R$ 30 mil.
FONTE - http://www.tribunahoje.com/noticia/50141/brasil/2012/12/24/sp-tem-trajeto-para-cegos-com-poste-no-meio.html
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