imagem - foto colorida de uma moto com o motociclista de costas entre vários veículos no trânsito.
Em pesquisa realizada no Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), a pesquisadora e assistente social, Katia Campos dos Anjos analisou as consequências de acidentes de moto nas vidas dos pacientes internados no IOT. Em diversos casos, as mudanças foram profundas e quase todas envolvem o endividamento da vítima, perda do lazer, grandes alterações de rotina e mudanças no âmbito familiar.
O acidente acabou por influir em diversos aspectos, como psicológico, físico e financeiro. A saúde abalada e problemas financeiros acabam por influenciar o emocional da vítima, o que resulta em um trauma. A pesquisa aponta também que 29,5% dos acidentados não voltam a andar de moto.
A pesquisa desenvolvida por Katia consistiu em um acompanhamento de 68 pacientes que foram hospitalizados no IOT em decorrência de acidentes de motocicleta. Na primeira fase, realizada entre maio e novembro de 2009, foi feita uma pesquisa quantitativa, com questionários de múltipla escolha. Após seis meses, entre novembro de 2009 e agosto de 2010, foi feita uma reavaliação dos mesmos pacientes para saber quais foram as principais implicações sociais e o que se alterou em suas vidas depois do acidente. A reavaliação foi feita a partir de uma pesquisa qualitativa, baseada numa entrevista num questionário dissertativo. As entrevistas foram analisadas e, a partir delas, foram reunidos aspectos com a mesma ideia central.
Uma surpresa para a pesquisadora é a faixa etária dos acidentados. “A maioria dos entrevistados são pessoas jovens, entre 18 e 29 anos, e no auge da sua produtividade e independência, que têm sua vida e de seus familiares totalmente alterada em decorrência do acidente”, afirma. Quase todos aprenderam a pilotar a moto com parentes, amigos ou por conta própria. Somente após o acidente é que os pacientes se deram conta da importância da direção defensiva e da necessidade de cuidados no trânsito.
Alteração na dinâmica familiar
Dentre os pacientes, 83,8% alegaram ter sofrido algum tipo de alteração na dinâmica familiar. Outros 94,1% dos entrevistados precisaram de cuidados de algum tipo e, dentre estes, 41,2% tiveram o auxílio da mãe. Em 17,6% dos casos, familiares precisaram deixar de trabalhar para prestar ajuda a esses pacientes. “A adequação do ambiente doméstico também teve que acontecer, já algumas famílias acabam mudando de residência porque a casa anterior não estava adaptada às necessidades do paciente”, ressalta Katia.
Dentre os pacientes, 83,8% alegaram ter sofrido algum tipo de alteração na dinâmica familiar. Outros 94,1% dos entrevistados precisaram de cuidados de algum tipo e, dentre estes, 41,2% tiveram o auxílio da mãe. Em 17,6% dos casos, familiares precisaram deixar de trabalhar para prestar ajuda a esses pacientes. “A adequação do ambiente doméstico também teve que acontecer, já algumas famílias acabam mudando de residência porque a casa anterior não estava adaptada às necessidades do paciente”, ressalta Katia.
Os constrangimentos também surgiram na equação: a grande maioria dos pacientes precisou de auxílio para locomoção, alimentação e banho, mesmo que por um curto período de tempo. “São pessoas que tinham uma vida ativa e independente mas, repentinamente, passaram a necessitar de ajuda para quase tudo”, relata a pesquisadora.
O lazer desses pacientes também foi prejudicado pelo acidente. Pessoas que praticavam esportes e costumavam sair para passear tiveram seu ambiente de vivência reduzido ao âmbito familiar. Algumas lesões levam tempo para cicatrização e recuperação total, sendo necessário repouso, fisioterapia e longo acompanhamento médico.
Alteração na renda
O acidente de moto também é responsável pela modificação nos rendimentos familiares. Por meio da pesquisa, foi possível concluir que 39,7% dos acidentados usavam a motocicleta como ferramenta de trabalho, enquanto 50% faziam uso do veículo como meio de transporte.
Empréstimos também são recorrentes depois de acidentes: 45,6% dos pacientes entrevistados pela pesquisadora utilizaram essa opção. “A renda dessa família acaba sendo diminuída, no período em que eles mais precisam, porque os custos aumentam com tratamento, com a questão do transporte, medicação”, explica Katia.
Isso se torna um problema social. O acidentado procura o INSS para receber o benefício enquanto não pode retornar ao trabalho. Mais de 70% não retorna ao trabalho após seis meses do acidente e nesses casos algum familiar precisa começar a trabalhar para complementar a renda doméstica, quando não há dependência total de benefícios do governo.
A pesquisadora afirma que a importância do seu trabalho está na conscientização da população a respeito das implicações que um acidente de moto pode causar na vida do acidentado e de seus familiares. “A sociedade deveria entender o que um acidente pode modificar na vida destas pessoas e todo conhecimento destas implicações sociais e econômicas deveriam se reverter em políticas públicas”, relata Katia.
fonte - http://www.usp.br/agen/?p=127229
Mais informações: email imprensa.iot@hc.fm.usp.br, com Katia Campos dos Anjos
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