O mosquito da malária não deixa o sangue coagular e agora sabemos porquê
Como é que o mosquito da malária, enquanto suga a sua vítima, impede que a coagulação do sangue que lhe serve de refeição? Cientistas do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Porto, com colegas de Espanha e França, desvendaram agora o mecanismo usado pelos mosquitos do género Anopheles.
Publicado pela revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences no final de 2012, o trabalho abre caminho ao desenvolvimento de novas moléculas sintéticas para o tratar problemas cardiovasculares, que muitas vezes necessitam da administração de anticoagulantes.
Os mosquitos anófeles usam uma molécula para controlar o sistema de coagulação durante as suas refeições de sangue – a anofelina, que tem como alvo a trombina, uma enzima central na anticoagulação.
A anofelina já tinha sido isolada e caracterizada por uma equipa norte-americana, que a patenteou como anticoagulante. “A maioria dos hematófagos [animais que se alimentam de sangue] possuem moléculas anticoagulantes interessantes para usos biomédicos, muitas delas já patenteadas. Mas o que se desconhece é forma como elas funcionam”, explica Pedro Pereira, investigador principal da equipa que liderou o estudo, citado num comunicado do IBMC.
A anofelina tem uma “abordagem radicalmente inovadora” no controlo do sistema de coagulação do hospedeiro: ela liga-se à trombina aproveitando os locais normalmente utilizados por substratos naturais do organismo no processo de coagulação, como por exemplo o fibrinogénio. Desta forma, o fibrinogénio não consegue ligar-se à trombina e, consequentemente, não se produz a fibrina, que forma os coágulos. Um coágulo é uma rede de fibrina. Encravando os locais também usados pelo fibrinogénio como ligação à trombina, à semelhança de uma chave partida dentro da fechadura, a anofelina trava a formação de coágulos.
“A anofelina é admiravelmente pequena e muito simples, sendo no entanto bastante eficaz”, diz Pedro Pereira. Isso é diferente de outras moléculas extraídas de outros animais hematófagos, como a carraça dos bovinos, cujas moléculas anticoagulantes são quatro vezes maiores, e por isso ela pode ser mais fácil de imitar em compostos sintéticos. “Apesar de terem sempre o mesmo objectivo, impedir a coagulação, as características de cada molécula são muito específicas de cada grupo de animais e seguem estratégias diferentes”, refere por sua vez Ana Figueiredo, a primeira autora do artigo.
A equipa – que inclui ainda investigadores da Universidade Pompeu Fabra e do Hospital de Sant Pau, em Barcelona, e do Laboratório Europeu de Radiação Sincrotrão em Grenoble, em França – também identificou a porção da molécula essencial para a actividade anticoagulante, que corresponde a cerca de metade da anofelina originalmente descrita.
Assim, uma molécula isolada de mosquitos que infectam cerca de 500 milhões de pessoas por ano com malária pode agora vir servir de base à concepção de fármacos sintéticos para prevenir e tratar alguns dos problemas que mais matam, neste caso as doenças cardiovasculares.
Os mosquitos anófeles usam uma molécula para controlar o sistema de coagulação durante as suas refeições de sangue – a anofelina, que tem como alvo a trombina, uma enzima central na anticoagulação.
A anofelina já tinha sido isolada e caracterizada por uma equipa norte-americana, que a patenteou como anticoagulante. “A maioria dos hematófagos [animais que se alimentam de sangue] possuem moléculas anticoagulantes interessantes para usos biomédicos, muitas delas já patenteadas. Mas o que se desconhece é forma como elas funcionam”, explica Pedro Pereira, investigador principal da equipa que liderou o estudo, citado num comunicado do IBMC.
A anofelina tem uma “abordagem radicalmente inovadora” no controlo do sistema de coagulação do hospedeiro: ela liga-se à trombina aproveitando os locais normalmente utilizados por substratos naturais do organismo no processo de coagulação, como por exemplo o fibrinogénio. Desta forma, o fibrinogénio não consegue ligar-se à trombina e, consequentemente, não se produz a fibrina, que forma os coágulos. Um coágulo é uma rede de fibrina. Encravando os locais também usados pelo fibrinogénio como ligação à trombina, à semelhança de uma chave partida dentro da fechadura, a anofelina trava a formação de coágulos.
“A anofelina é admiravelmente pequena e muito simples, sendo no entanto bastante eficaz”, diz Pedro Pereira. Isso é diferente de outras moléculas extraídas de outros animais hematófagos, como a carraça dos bovinos, cujas moléculas anticoagulantes são quatro vezes maiores, e por isso ela pode ser mais fácil de imitar em compostos sintéticos. “Apesar de terem sempre o mesmo objectivo, impedir a coagulação, as características de cada molécula são muito específicas de cada grupo de animais e seguem estratégias diferentes”, refere por sua vez Ana Figueiredo, a primeira autora do artigo.
A equipa – que inclui ainda investigadores da Universidade Pompeu Fabra e do Hospital de Sant Pau, em Barcelona, e do Laboratório Europeu de Radiação Sincrotrão em Grenoble, em França – também identificou a porção da molécula essencial para a actividade anticoagulante, que corresponde a cerca de metade da anofelina originalmente descrita.
Assim, uma molécula isolada de mosquitos que infectam cerca de 500 milhões de pessoas por ano com malária pode agora vir servir de base à concepção de fármacos sintéticos para prevenir e tratar alguns dos problemas que mais matam, neste caso as doenças cardiovasculares.
fonte - JORNAL PÚBLICO - http://publico.pt/ciencia/noticia/o-mosquito-da-malaria-nao-deixa-o-sangue-coagular-e-agora-sabemos-porque-1579418
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