Danielle Cardoso, 19, sofre de paralisia cerebral. Passou no vestibular para cursar bacharelado em Letras. É a primeira aluna da Universidade Estadual do Ceará (Uece) nessas condições. (obs - ninguém "sofre" de Paralisias Cerebrais pois NÃO são doenças e sim deficiências físicas e neuromotoras, e não contagiam ninguém a não ser de Afeto...)
(imagem - foto colorida da sala de aula da Universidade Estadual do Ceará onde aparece em primeiro plano a jovem Danielle, com uma blusa vermelha, à frente de sua turma e com um laptop, sentada em sua cadeira de rodas)
O POVO *(jornal) acompanhou Danielle e sua mãe Fátima num dia de aula até o campus da universidade, no Bairro de Fátima, e na volta para casa, no Mondubim. É visível a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência. Não só na instituição, mas em todo o trajeto percorrido.
O POVO *(jornal) acompanhou Danielle e sua mãe Fátima num dia de aula até o campus da universidade, no Bairro de Fátima, e na volta para casa, no Mondubim. É visível a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência. Não só na instituição, mas em todo o trajeto percorrido.
Nada facilita a locomoção de Danielle. Na primeira semana, ela, que usa cadeira de rodas, precisou ser levada nos braços por um antigo professor, Wilson Fraga, para conseguir chegar à sala de aula. Ele é diretor da Escola Estadual Presidente Vargas, onde Danielle cursou o ensino médio. “O que queremos é muito simples. Ela quer apenas exercer o direito de ir e vir”, afirma ele. A solução encontrada pela coordenação do curso foi transferir todas as disciplinas em que Danielle está matriculada para o térreo. Ainda assim, há problemas. A jovem precisa de uma mesa especial, no lugar das cadeiras de braço. Por enquanto, ela usa a mesa dos professores para colocar o notebook para acompanhar as aulas.
As dificuldades não fazem mãe e filha esmorecerem. Dona Fátima inclina seu corpo franzino para frente, ganhando impulso para empurrar a filha. Uma rampa, a única encontrada na parte externa da Uece, estava ocupada por uma motocicleta. Na rua, o jeito é disputar espaço com os carros. Nos quarteirões que separam a Uece e uma parada de ônibus na avenida 13 de Maio, não há calçadas acessíveis. Isso dificulta a chegada de Danielle até a faixa de pedestres. Para não perder a condução, ela atravessa a avenida em meio aos carros.
Por conta de um caminhão parado na avenida, os dois primeiros ônibus adaptados para cadeirantes não param. Somente na quinta condução é que Danielle consegue entrar. Ao desembarcar no Parque Presidente Vargas, próximo ao bairro Mondubim, as dificuldades continuam. A rua até a casa da jovem é de paralelepípedo. As pedras pontiagudas provocam solavancos na cadeira de rodas.
Todas as adversidades só aumentam a vontade da garota de seguir em frente. “Resolvi fazer Letras porque amo a língua portuguesa”, afirma ela. A diversão de Danielle é a Internet. Ela escreve textos, em sua maioria sobre suas experiências, e publica em blogs e na rede social Facebook.
Mãe, filha e irmão de um ano e meio sobrevivem com um salário mínimo, benefício que Danielle conseguiu por conta de sua condição, mas dispensam o sentimento de pena. “Ainda vão ouvir falar muito de minha filha”, diz dona Fátima.
ENTENDA A NOTÍCIA
Segundo a coordenadora do curso de Letras, Koema Escórcio, Danielle Cardoso é a primeira aluna da Uece com paralisia cerebral. Ela enfrentou o vestibular sem qualquer benefício por conta de sua condição.
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