segunda-feira, 20 de maio de 2013

DEFICIÊNCIAS/PREVENÇÃO - USP- Em estudo centrado em Apaes constatam 35% de problemas genéticos

Pesquisa da USP aponta risco de famílias terem filhos deficientes

Estudo mostra que 35% dos estudantes das Apaes tem problema genético.
Outras origens são uso de álcool e drogas na gestação, em 45% dos casos.


Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP) concluiu que 35% dos estudantes das Apaes têm deficiências de origem genética, sendo que em 15% dos casos o problema é hereditário – passado de geração para geração. Esses dados estão ajudando os pesquisadores a calcularem o risco que famílias que possuem um filho com algum tipo de distúrbio terão caso resolvam engravidar novamente.
Em todo o Estado de São Paulo, as Apaes atendem 80 mil alunos. O médico geneticista da USP João Monteiro Pina Neto, que liderou a pesquisa, estudou casos das instituições de LimeiraBatatais e Altinópolis.  Segundo ele, o estudo é importante porque muitas famílias não sabem do risco da transmissão genética das deficiências e a investigação das causas e origens do distúrbio não é uma rotina na rede pública de saúde.
“São alterações genéticas que estão nos pais. Eles já tiveram um filho afetado e se eles forem engravidar eles têm risco importante de ter outro filho alterado. Por exemplo, 50%, 25% de risco. Significa que de quatro em média um, ou de dois em média um, se for 50% [de risco], será afetado. Por tanto, nós precisamos identificar para prevenir as doenças genéticas e hereditárias na região”, afirmou.
A empregada doméstica Tatiana aparecida Assoni tem uma filha de 8 anos com síndrome de Down. Ela foi orientada pelos pesquisadores de que teria 20% de probabilidade de ter um segundo bebê com o problema caso resolvesse engravidar novamente. Mesmo assim ela decidiu ter outra criança, que nasceu sem o distúrbio.
“Ele falou que tinha 20% de chance de eu ter outro [filho] com síndrome de Down. Eles explicaram que se eu quisesse arrumar outro eu poderia, só que eu sabia desse risco e o que eles me aconselhariam seria uma inseminação, mas como o HC não fornece, como eu teria que pagar, eu falei: se Deus achou que eu tive capacidade de criar uma [criança com a síndrome], se ele achar que eu tenho capacidade de criar outra eu vou criar”, relatou.
Na Apae de Batatais a pesquisa começou em 2006 e avaliou mais de 400 alunos. A médica geneticista Lizandra Mesquita Batista, que atua na instituição, diz que além de investigar o histórico das famílias, o trabalho inclui exames clínicos detalhados. Segundo ela, esse trabalho é importante para prevenir problemas futuros que são característicos a cada distúrbio dos pacientes.
“A gente faz uma anamnese, que é tirar toda a história do paciente, de nascimento, tudo o que ele passou até agora e depois a gente faz um exame clínico. Na genética a gente presta muita atenção nas dismorfias [alterações morfológicas], a gente mede todo o paciente, perímetro encefálico, distância dos olhos, tamanho de orelha, tudo é importante para a gente. Diante disso, dependendo das dismorfias, das características, da história dele, direciona a gente para alguma surpresa, que as vezes a gente confirma clinicamente mesmo”, afirmou.
A Apae de Batatais também realiza por mês cerca de 60 exames em todos os recém-nascidos da cidade. Os testes são da orelhinha, para identificar problemas auditivos; do pezinho, onde um laboratório do HC de Ribeirão identifica doenças que podem ser prevenidas e evitar algumas deficiências; além do exame do olhinho e de questionários dirigidos as famílias dos bebês para identificar distúrbios.
“A vantagem é que quanto mais precoce a gente consegue identificar um atraso, um sintoma, ou mesmo a deficiência, nós conseguimos um resultado melhor. Essa criança pode vir até a eliminar, mas no mínimo minimizar as deficiências ou os sintomas que ela vai ter”, diz.
Álcool na gestação
Uma conclusão preocupante da pesquisa, segundo o geneticista João Monteiro Pina, é a de que 45% dos estudantes das Apaes tem a deficiência causada por fatores não genéticos, como o uso de álcool ou drogas na gestação, infecções, doenças e falta de oxigênio para o feto.  

Nós já identificamos dentro das Apaes, crianças produtos de gravidez em que as mães beberam álcool, principalmente, em níveis nocivos. Nós aplicamos instrumentos aqui, nós e o professor Erikson [Furtado] do HC, mostrando que 30%, em média, das mulheres dos nossos pré-natais públicos estão bebendo álcool em nível nocivo”, explicou o professor.
Ele ressalta que nos Estados Unidos, por causa de um serviço pré-natal de melhor qualidade, os fatores não genéticos que levam a deficiência são três vezes menor do que no Brasil, 18%. O pesquisador diz ainda que já está comprovado cientificamente a relação do consumo de álcool na gestação com o autismo.
“O autismo esta sendo muito estudado agora porque ele aumentou muito a frequência. Até 1985 ele era considerado dois a cinco [casos] por 10 mil [nascimentos], hoje em dia ele é considerado um para 110. Um dos fatores provados é o álcool e o segundo são os herbicidas com produtos organofosforado, provado que eles levam ao autismo. Nós estamos expondo muito a mulher na gestação a situações de agressão ao feto do tipo drogas, álcool e herbicidas que tenham organofosforados. No Brasil, uma pessoa que não come [alimento] orgânico ela está tomando 5 litros de produtos agrotóxicos por ano”, conclui.
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