quinta-feira, 20 de agosto de 2020

COVID-19 & Cérebro - Especialista descreve possíveis impactos neurológicos da COVID-19


imagem publicada - da Internet - [Imagem: Gerd Altmann/Pixabay] com cérebro humano sendo tocado como na famosa pintura por um 'dedo' divino donde saem raios e energia, sobre fundo azul predominante.

Especialista descreve possíveis impactos neurológicos da COVID-19 

A COVID-19 tem sido analisada por muitos especialistas, e desencadeando cada vez mais descobertas. Ultimamente, foi apontado que muitos pacientes que sofrem de COVID-19 apresentam sintomas neurológicos, desde aumento no risco de ter um acidente vascular cerebral (AVC) até consequências mais duradouras para o cérebro, como síndrome da fadiga crônica. Com isso, os profissionais da área da saúde estão se perguntando: haverá uma onda de déficits de memória e casos de demência relacionados ao COVID-19 no futuro?

Durante um artigo para o veículo The Conversation, a professora de psicologia da Universidade de Michigan, Natalie C. Tronson, explica que muitos dos sintomas atribuídos a uma infecção se devem, na verdade, às respostas protetoras do sistema imunológico. Essas mudanças no cérebro e no comportamento, embora irritantes para nossa vida cotidiana, são altamente adaptativas e imensamente benéficas. Ao descansar, também se permite que a resposta imune, que exige muita energia, faça seu trabalho. A febre torna o corpo menos hospitaleiro a vírus e aumenta a eficiência do sistema imunológico.

Além de mudar o comportamento e regular as respostas fisiológicas durante a doença, o sistema imunológico também desempenha uma série de outras funções. Recentemente, os especialistas apontaram que as células neuroimunes que ficam nas conexões entre as células cerebrais (sinapses), que fornecem energia e quantidades mínimas de sinais inflamatórios, são essenciais para a formação da memória, mas isso também fornece uma maneira de doenças como COVID-19 causarem sintomas neurológicos e problemas de longa duração no cérebro.

A professora explica que tanto o cérebro quanto o sistema imunológico evoluíram especificamente para mudar como consequência da experiência, a fim de neutralizar o perigo e maximizar a sobrevivência, e que no cérebro, as mudanças nas conexões entre os neurônios nos permitem armazenar memórias e mudar rapidamente o comportamento para escapar de ameaças ou buscar comida ou oportunidades sociais. No entanto, mudanças duradouras no cérebro após a doença também estão intimamente ligadas ao aumento do risco de declínio cognitivo relacionado à idade e doença de Alzheimer.

"As ações destrutivas das células neuroimunes e a sinalização inflamatória podem prejudicar permanentemente a memória. Isso pode ocorrer por meio de danos permanentes às conexões neuronais ou aos próprios neurônios e também por meio de mudanças mais sutis no funcionamento dos neurônios", afirma a especialista.

A professora conta que levará muitos anos até sabermos se a infecção COVID-19 causa um aumento no risco de mal de Alzheimer, mas esse risco pode ser diminuído por meio da prevenção e tratamento de COVID-19, e ressalta que a prevenção e o tratamento dependem da capacidade de diminuir a gravidade e a duração da doença e da inflamação.

"A COVID-19 continuará a causar impacto na saúde e no bem-estar muito depois que a pandemia acabar. Como tal, será fundamental continuar a avaliar os efeitos da doença na vulnerabilidade da doença de Alzheimer e a demências", conclui a professora norte-americana, ressaltando que ao fazer isso, os pesquisadores provavelmente terão uma nova visão crítica sobre o papel da inflamação ao longo da vida no declínio cognitivo relacionado à idade, o que ajudará no desenvolvimento de estratégias mais eficazes de prevenção e tratamento dessas doenças debilitantes.

Fonte: The Conversation  https://canaltech.com.br/saude/especialista-descreve-possiveis-impactos-neurologicos-da-covid-19-169664/

Nenhum comentário:

Postar um comentário