'O Brasil precisa de inclusão', diz mesário com síndrome de Down
Jovem trabalha nas eleições desde 2006 no município de Santo Cristo, RS. Para família, confiança deu autoestima para estudante superar dificuldades.
imagem - foto do jovem Vinicius Streda, com uma camisa listrada e com um microfone na mão, fotografia Carina Streda, arquivo pessoal)
Há oito anos, o dia das eleições tem significado especial na vida do estudante Vinicius Streda, 27 anos, morador do município de Santo Cristo, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul. Mais do que um exercício de cidadania, para o jovem com síndrome de Down a data significa uma oportunidade de mostrar a todos o quanto as pessoas com necessidades especiais são capazes.
Pela quarta eleição consecutiva, Vinicius se prepara para voltar a ser mesário no próximo domingo (5). Ele assumirá os trabalhos como segundo mesário na seção número 22 do município com menos de 12 mil habitantes, em um salão paroquial no distrito de Linha Bom, área rural onde mora. A mesma função foi desempenhada nos pleitos de 2006, 2008 e 2010.
“O Brasil precisa de inclusão, das pessoas com necessidades especiais (o termo correto é Pessoas com Deficiência). E a minha vontade de ser mesário surgiu para ter esse orgulho e satisfação”, disse Vinicius ao G1.
Desafiar preconceitos não é novidade para o jovem. Foi acreditando na própria capacidade intelectual que ele escreveu e publicou um livro, em coautoria com a prima, Carina Streda, que é pedagoga. Publicado neste ano, “Nunca Deixe de Sonhar”, que conta a história pessoal do jovem, já esgotou 2 mil exemplares e está atualmente na terceira edição. “Traz minha experiências de vida, as angústias e dificuldades que passei”, explica.
Para ele, contribuir com a democracia também representa um gesto de reafirmação de competência diante dos eleitores de Santo Cristo. “Quero exercer a cidadania e a democracia. Acredito muito na inclusão. Em centros de reabilitação para quem tem necessidades excepcionais”, diz o jovem.
Trabalho aumenta autoestima
Vinicius, porém, ainda tenta superar as dificuldades para terminar o ensino médio. Segundo a família, ele busca neste ano a aprovação em duas matérias que ficaram pendentes. Além disso, o jovem diz estar desempregado desde o ano passado por conta de dificuldades financeiras da empresa onde trabalhava, e que lhe ofertou um cargo dentro do programa inclusivo de contratações.
O interesse pela política e o processo eleitoral é considerado um fator fundamental para fortalecer a autoestima do jovem, diz a mãe, Cláudia Ergang, 50 anos. “Ele gosta muito porque se sente valorizado. E ele acompanha muito a política. Enquanto quiserem, ele vai continuar sendo mesário. E a Justiça Eleitoral divulgou bastante o trabalho dele aqui. Ficamos muito feliz”, afirmou ela.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS), cerca de 106 mil mesários irão atuar no Rio Grande do Sul nas próximas eleições. A Justiça Eleitoral diz que desconhece o total de mesários com necessidades especiais, mas, via assessoria de imprensa, informou que os casos ainda são “raros”.
Chefe do cartório eleitoral de Santo Cristo, Carolina Kretzmann Watthier afirma não ter do que reclamar em relação ao desempenho de Vinicius nas eleições anteriores. “Existe bastante responsabilidade, mas a responsabilidade maior é da presidência. Demos uma função de intermediária a ele. E o Vinícius está muito bem”, garante ela.
FONTE - http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/eleicoes/2014/noticia/2014/10/o-brasil-precisa-de-inclusao-diz-mesario-com-sindrome-de-down.html
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