Hospital psiquiátrico infantil abrigou salas de tortura em BH
(imagem - foto de uma cela forte, um cubículo, agora em escombros, que servia para o castigo e a reclusão de pessoas, jovens com sofrimento psíquico, durante longo tempo, como parte da história de um manicômio, mais um, em Minas Gerais - fotografia colorida de Priscila Musa)
Mais que o glamour de um prédio de arquitetura neoclássica, o casarão construído na rua Manaus, 348, no bairro Santa Efigênia, esconde uma fase de clausura, terror e sofrimento de pequenos internos entre os anos 1947 e 1979 – período no qual a edificação abrigou um Hospital de Neuropsiquiatria Infantil.
Memória
Entre os escombros do casarão, que ficou fechado por quase duas décadas, há um corredor de 182 metros de extensão localizado no primeiro andar. Lá, são encontrados cômodos de aproximadamente 15 metros quadrados, com paredes cheias de rabiscos de pequeninas mãos, nomes e desenhos. Não há circulação de ar porque as janelas foram lacradas com tijolos. Um ambiente que causa desconforto físico e moral - tortura, segundo definição no dicionário da Academia Brasileira de Letras.
No final do corredor há outra pequena abertura. A partir dela, descobre-se um labirinto que chega em novas celas, algumas com grades nas janelas lacradas com cimento. Frascos de remédio, ferramentas, sapatos de criança e brinquedos estão espalhados pelo chão.
“Eu não apanhava tanto porque ficava muito quieto, mas as crianças mais agitadas iam para o primeiro andar. Algumas não voltavam mais. Os médicos diziam que a família os tinham buscado, mas eu nunca soube se isso era verdade”, conta o ex-interno.
O presidente da Fundação Mineira de Psiquiatria, Maurício Leão, afirma que ambientes insalubres, como os descritos acima, podem prejudicar a saúde mental. “É por isso que hoje a vigilância sanitária é tão severa em suas fiscalizações”.
Descoberta
O desvendar desse espaço até então desconhecido só começou a ser feito há 30 dias, quando artistas e intelectuais ocuparam o casarão, batizado de Espaço Comum Luiz Estrela .Logo nos primeiros dias, criou-se um grupo composto por uma arqueóloga, um historiador e uma arquiteta. Imediatamente eles fecharam a entrada para os espaços apontados como sítio arqueológico urbano.
Eletrochoques eram comuns
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