sexta-feira, 5 de abril de 2013

AUTISMO/TEATRO - Clássico do cinema, RAIN MAN, vai para o Teatro em SP

Rain Man traz a emoção da tela para o tablado

O nome pode não parecer estranho, afinal é uma adaptação do cinema, do clássico estrelado por Dustin Hoffman e Tom Cruise em 1989...

Marcelo Serrado é destaque no elenco do espetáculo que compõe o projeto cultural da Vivo, EnCena
*(foto colorida - dois atores, Marcelo Serrado à direita e Rafael Infante à esquerda, vestidos com ternos cinzas interpretam os personagens com a cena de um abraço entre os irmãos - fotografia divulgação)
SÃO PAULO - Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, 2 de abril, além de monumentos importantes do Brasil, como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e o Monumento às Bandeiras, em São Paulo, ganharem luzes da cor azul, que simboliza o autismo, o Teatro Vivo recebe, a partir desta sexta-feira, uma peça que tem tudo a ver com o tema: “Rain Man”.  
O nome pode não parecer estranho, afinal é uma adaptação do cinema, do clássico estrelado por Dustin Hoffman e Tom Cruise em 1989, que conta a história de Charlie Babbit, um rapaz ainda jovem que vai a um hospital psiquiátrico para conhecer seu irmão, a quem seu pai deixou toda a fortuna ao falecer. Para Charlie, a herança foi rosas premiadas e um carro. Para sua surpresa, ao chegar ao hospital, ele descobre a existência de Raymond, seu irmão autista e com Síndrome de Savant — distúrbio psíquico com o qual a pessoa possui uma grande habilidade intelectual aliada a um déficit de inteligência. Interessado na fortuna deixada pelo pai, Charlie começa a se aproximar do irmão para benefício próprio, mas algumas situações no meio do caminho podem fazê-lo mudar um pouco seu jeito de ser.
Na montagem dirigida por José Wilker, o interesseiro Charlie é vivido por Rafael Infante, e Raymond é interpretado por ninguém menos que Marcelo Serrado.  Segundo ele, construir esse personagem foi interessante, pois tiveram contato com alguns autistas da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) do Rio de Janeiro. Dentre todos, um caso chamou bastante a atenção de todo o elenco. “Foi bastante intenso esse processo de construção de personagem. Fiz uma pesquisa muito vasta. Tinha vários caminhos para criar o Raymond, até porque o filme é muito marcante e fica na nossa memória”, revela o ator.
“O lado bom disso é que a peça tem sido montada no mundo inteiro. É um texto que tem vários atores fazendo o Rain Man, com vários caminhos diferentes. Às vezes, é engraçado porque a visão dos atores são totalmente distintas, mas fica uma essência,  um estereótipo do personagem.  O que me chamou a atenção foi o real. Tivemos a oportunidade de conhecer um cara muito especial, que foi nos dar uma palestra”, explica Marcelo Serrado.
Para ele, Wilson, o palestrante que serviu de inspiração para seu personagem,  é um exemplo, pois tem autismo, 50 e poucos anos, é casado e tem três filhos. “Tudo o que eu queria saber era o que se passava dentro dele. Tem um vídeo no Youtube chamado “Carly’s Voice”,  que ele inclusive cita muito esse material na palestra, porque é uma maneira de demonstrar como eles se sentem. Então quando eles fazem tal movimento ou têm tal atitude, é uma forma de se acalmarem, se ninarem, ou o que seja”, complementa o ator. Marcelo Serrado ainda ressalta o quão sensorial são os autistas. “Na sala tinha um ventilador, que ele comentou que, enquanto falava, conseguia prestar a atenção no barulho do ventilador, nas crianças que brincavam do lado de fora, nos carros. Então é uma coisa muito sensorial”, conta.
Apesar de inspirado no filme, o diretor José Wilker ressalta que os que esperam encontrar exatamente o filme nos palcos, vão se decepcionar.
“Quem procurar o filme no espetáculo vai fazer mau uso do próprio tempo. Fiz questão de não revê-lo agora para evitar todo tipo de influência. É uma outra linguagem, não é um road movie, é um road theatre”,  explica.
Segundo sua definição, a peça não é nada mais que “a história de dois irmãos que se encontram num determinado momento da vida e se reconhecem. A montagem  aborda os caminhos para a realização do afeto”, finaliza.
Projeto
O espetáculo integra o projeto Vivo EnCena, que além da temporada em São Paulo,  também prevê circulação por diversas capitais brasileiras, e atividades “além do espetáculo”, como oficinas e bate-papos visando maior acessibilidade, abrangência e formação de plateias.
O Vivo EnCena é uma iniciativa da Vivo que estimula o intercâmbio de projetos com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento do País e da sociedade como um todo. O teatro é pensado além dos espetáculos, sendo estabelecida uma rede de ações com diversidade, empreendedorismo e criatividade, compartilhando histórias inspiradoras, conceitos inovadores e ideias transformadoras no âmbito da cultura. O Vivo EnCena é realizado há três anos e está presente em 19 estados de todo o País, além de realizar ações próprias e a curadoria do Teatro Vivo, situado na capital paulista
Serviço:
Rain Man — Teatro Vivo, à Av. Chucri Zaidan, 860; Morumbi. De 5 de abril a 2 de junho. Sextas, sábados e domingos às 21h, 21h30 e 18h. Ingressos: R$ 50 a R$ 70. Informações: (11) 4003-1212.
LEIA TAMBÉM NO MEU BLOG INFOATIVO.DEFNET sobre AUTISMO - 

ASPERGER, UMA SÍNDROME DE MENTES BRILHANTES OU NÃO? http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/11/asperger-uma-sindrome-de-mentes.html

Um comentário:

  1. Eu e meu marido assistimos a esta peça de teatro no último final de semana. Nós já havíamos assistido ao filme, mas agora vimos à história com outros olhos, olhos de pais de uma criança especial. E foi triste constatar que a instituição onde vivia o personagem Rain Man (Raymond) não acreditava na capacidade dele de viver fora dela, de ser incluído na sociedade. Em poucos dias que o personagem Charlie (interpretado no filme pelo Tom Cruise) conviveu com o irmão autista, ele percebeu que o irmão tinha a capacidade de se adaptar!
    Mas infelizmente, Charlie não foi forte o suficiente para lutar contra a imposição da instituição e pelo que parece, Raymond voltou a viver lá dentro, separado do mundo todo.
    Um cara com uma memória fantástica, uma velocidade de raciocínio sem igual, um potencial que seria muito valioso em muitas áreas profissionais sendo desperdiçado.
    O que nos conforta é saber que os tempos são outros, que a inclusão, a independência social, são algumas das questões muito motivadas atualmente e que é muito provável que uma pessoa com estas capacidades, hoje em dia, apesar das suas limitações, aprenda a conviver muito bem no meio de todos nós, assim como conviverá o nosso filho Vinícius.

    ResponderExcluir